Pausa
Ando tão cansada. Tão. Tanto.
Eu queria tirar férias de mim. Das minhas preocupações, minhas inseguranças, minhas vontades que não podem ser realizadas e até desse meu corpo que anda cansado. Como eu queria ser dona do meu tempo, sem me sentir culpada por não querer trabalhar, cuidar, pensar, analisar. Queria ler poesia por todo o dia, ouvir Johnny Mathis, Ray Charles, Fátima Guedes e Joyce, abraçada por uma rede ensolarada. Não pensar em relógio, celular, em não chegar atrasada, ou chegar rápido em casa pra poder dormir meia hora a mais. Queria diminuir distâncias...
E, por fim, deitar no colo da minha avó, ouvir aquela voz calma, acarinhar aquela pele... mas...
Mas aí, restou a saudade. Saudade que só se pode deixar doer, doer, doer, fundo, porque nunca vai cessar.
Nunca.