Quando Edna Veio a Minas
 
Quando Edna veio a Minas, trouxe seu riso franco, olhos de mar, para irrigar as montanhas e amolecer os corações de mineiros, ditos desconfiados.
     Edna é uma mulher simples, do povo, que ama o povo. Edna Lopes, pedagoga, escritora talentosa, humana. Querida e respeitada aqui no Recanto e outros cantos. Edna impõe respeito, sem intimidar. Tem autoridade, sem autoritarismo.Fala muito, ouve muito. Conhece o chão que pisa. Encontrou em Minas solo fértil em recepção generosa. Mineiro pode até ser desconfiando no primeiro momento. Confiança conquistada, ternura derramada em profusão.
     Tive o privilégio de conhecê-la pessoalmente. Mas foi como se nos conhecêssemos anos a fio. Nada diferente da pessoa que conhecemos na virtualidade. Nosso primeiro encontro foi rápido. Um breve passeio pelas ruas de Belô. Cantina do Lucas, ponto de encontro de poetas, músicos, escritores, boêmios, tribos diversas. Mas a Cantina estava fechada, para reformas. Depois uma breve passagem pela Praça da Liberdade, além dos bares da Savassi, um diálogo com Roberto Drumont. Ela precisava voltar ao hotel, pois o dia seguinte seria de intensa atividade. Eu, para minha casa, em Esmeraldas. Edna não poderia ir embora sem conhecer o Céu de Dumaville e os afetos das irmãs Wilma e Vânia, do casal Elza e Benival, Antonio, Clóvis, Auxiliadora, Tiago e Douglas. O convite foi feito e ela aceitou sem titubear.
     Noite fria de julho, céu de estrelas e lua cheia, não poderia faltar café, bolos diversos, canjicão, pés-de-moleque, o caldo de milho verde, assim como o quentão, ambos preparados pelas mãos macias de Edna, temperados com carinho. Para que a noite fosse completa, teve até fogueira. Faltou rojão, mas as belezas de Alagoas foram lembradas nas vozes de Leureny, Carlos Moura, Jacinto Silva, Gonzagão, Cláudia Maria, Leci Brandão, entre outros e outras. Muitos causos contados, risos, confraternização. Edna levou um tiquim de Minas e deixou em nós um tiquim de Alagoas.
     Por tudo isso faz sentido o canto de Leci Brandão: “Chegou o momento de ter sentimento e vergonha na cara (...) Será que eu só presto pra dançar na Pajuçara?”. Aprendemos com Edna, ensinamos a Edna, que a vida é para ser vivida, repartida em pão, poesia e alegria.
     Enquanto a noite avançava, o sono chegava de mansinho. Hora de cada um fazer a matula (*) e voltar para suas casas. Foi então que a casa de Wilma transformou-se em casa de Edna.
     No momento em que escrevo estas mal traçadas linhas, a moça bonita e de coração generoso, pode estar em Maceió, talvez em Brasília, Mossoró, ou sabe-se lá onde. Porque Edna é um ir vir de congressos, seminários, construindo projetos, tecendo teias e textos, que melhorem a vida de todos nós, especialmente na Educação.  
     
 
(*) Provisão de mantimentos. Cada um leva um pouco do alimento que sobrou.
 
    
Quem é que não gosta de carinho
Quem é que não gosta de xodó
Quem é que não gosta de um dia de sol em Maceió. **
(Luiz Gonzaga).
** Do disco Músicas que Cantam Alagoas, que tem ainda Leureny, Coretfal, Carlos Moura, Eliezer Setton, Cláudia Maria, Lecy Brandão, entre outros e outras.


Parte 1
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http://youtu.be/DpzX3HpbhQQ
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> Parte 2
>
http://youtu.be/7u7Ul4MkMD8

Os dois link's acima referem-se à entrevista que concedi à TV Câmara de Contagem.