AS CINCO DA TARDE

Cinco da tarde, hora sagrada das garças, vinham dos vales, organizavam-se em grupos, alçavam voos planejadamente brancos,

atravessavam a pequena vila, sobre olhares mudos das poucas pessoas, que admiravam o belo.

Não era dia, nem noite ainda, havia uma junção de azul e rosa

num céu de inverno abstratamente lindo, que acabara de nascer .

Todas chegavam juntas, numa maratona sem competição,

pousavam ruflando as asas, sobre o mais alto eucalipto,

num equilíbrio lúcido, no trapézio dos galhos.

Num impulso e juntas, iniciavam o balé tão esperado,

em círculos lentos e sincronizados iam e vinham, ao redor da árvore que dançava viva e lúdica, no ritmo do vento que cantava.

Acomodados nos galhos, três urubus acompanhavam, o espetáculo magistral, num movimento lento, de cabeças e bicos, não sorriam, mas viam a mágica da hora e lá de baixo, olhos sorriam e aplaudiam,

depois fechavam-se com a cortina da noite.

Luz Miranda
Enviado por Luz Miranda em 12/07/2012
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