ACABEI DE COMEÇAR
Num anúncio publicitário de um determinado produto para higiene dos pés, parte do pool de empresas que fazem de Neymar, do Santos Futebol Clube, o jogador mais bem pago do futebol brasileiro – merecidamente, pelo encantamento que proporciona ao torcedor de qualquer clube, mas absurdamente exagerado quando comparado ao trabalhador comum que sobrevive com o salário mínimo – ele diz que “acabou de começar”, etc. antes e depois. Seria como dizer que ele está no fim do que considera apenas o seu começo, os primeiros passos, o futuro à frente, uma vida promissora, muito a ser vivido. Nisso há um misto de alegria e esperança. Ao contrário, quem diz que está “começando a acabar” determinada coisa ou serviço, seria como informar o início do fim, a conclusão da última obra, um passado atrás, os últimos passos de uma vida já vivida. Acabar de começar tem a cara e a coragem do jovem que sabe ter muito ainda a fazer. Pode ser encontrado em maduros, que acreditam nessa possibilidade. Mas, cá entre nós, começar a acabar tem conotação de tristeza e desamor, tem desventura e muita inércia, sem planos e encantos, esperando a morte chegar. Por isso, Neymar vende tudo o que oferece, como se dissesse “vem comigo, faça o que eu faço, você pode ser feliz como eu”. Simples, não?