Gabriela – a minissérie
Estou de viagem marcada para Portugal; finalmente, e depois de quatro anos penosos para mim, volto á terra que me viu nascer. Como podem imaginar estou em êxtase, tenho contado os dias numa ansiedade só. Vou, mas volto, se bem que a única coisa que me prende a este país de “abutres” é Malvina. Essa mesmo que aparece na novela “Gabriela”. Não que Gabriela não seja atraente, mas Malvina é uma garota com uma alma nobre (á frente do seu tempo), que anseia por estudar em Salvador e que se apaixonou pelo professor de língua portuguesa. O que os une? - O gosto pela literatura.
Falar de Malvina é falar de Naomi, isso é incontornável. As semelhanças entre elas são assustadoras. E isso eu comprovo sempre que vejo um episódio da série. O gosto pela moda - estilo Coco Chanel - de cores vibrantes (azul e vermelho) é notório em ambas; o que diz muito da sua personalidade. Vejo também nelas um corte de cabelo muito parecido, reto – tubular, e os sapatos? São lindos, de uma originalidade só vista. Os lábios pintados de vermelho dão-lhe um poder de sedução que não encontro na maior parte das moças da idade dela. Naomi é especial por conseguir juntar numa só pessoa as origens da mulher baiana. De todas as brasileiras, não querendo de maneira alguma desmerecer nenhuma delas, as baianas são aquelas que mais interessantes se apresentam perante os meus olhos. Naomi, Malvina são feitas da mesma massa, aquela que fazia das mulheres brasileiras da década de 20 únicas e maravilhosas.
A “novela” “Gabriela” que a Globo teve a bondade de refazer é uma dádiva para quem, como eu, adora o nosso passado histórico. Falo em nosso, porque Portugal e Brasil são irmãos há muito, muito tempo. Mesmo que a maior parte dos brasileiros se sintam mal com esta descendência lusa, eu me sinto bem com esta ligação ao Brasil. Gabriela – a minissérie, é uma excelente adaptação do livro de Jorge Amado para a TV. Para quem diz que o Brasil não adapta nenhum romance brasileiro, esta é a prova provada de que as coisas estão mudando. Se eu pudesse, voltaria no tempo sem pestanejar. Adoro a simplicidade com que as mulheres do passado se vestiam, e como valorizavam os gestos faciais.
Depois desta viagem ao passado, fecho minha conta no Brasil com a promessa de que o regresso é certo. Vou, mas volto mais fresco do que uma alface.