Nem precisa ser assim um Japão!
O cidadão sai por aí vendo nas suas cidades, belezas e mazelas... A beleza quase sempre tem autor identificável, razão da existência e utilidade explícita. A mazela é obscura e enigmática. O “enigmático” não é sua existência, esta, é desleixo, na melhor das hipóteses. O enigma é o porquê de sua existência quase perpétua, que, num desafio ao bom senso, acaba por se incorporar à cultura típica dos lugares subdesenvolvidos. Aí aparece a copa do mundo, as olimpíadas etc. e um super, mega, ultra esquema é bolado para fazer o que já deveria existir para o cidadão há muito tempo. Mesmo assim, os cronogramas são furados e os prazos vão estourando. Obras estruturais minimalistas em alguns casos e faraônicas em outros penam para serem iniciadas e quando o são arrastam-se por um tempo inacreditável. No caso das vias urbanas elas provocam gigantescos engarrafamentos com prejuízos que não são medidos pelas autoridades, tais como: consumo altíssimo de combustíveis, (os veículos andam longas distâncias em marchas reduzidas) e atrasos das pessoas aos compromissos (escolas, trabalho, hospitais etc.) com inimagináveis consequências em cadeia, (turnos inteiros de pessoas atrasadas para o trabalho com prejuízo para as empresas). Quando essas autoridades são entrevistadas na imprensa, (coisa rara), as respostas são as manjadas promessas e seus semblantes não parecem refletir a gravidade dos assuntos perguntados. Eu estou falando no caos da minha cidade (Recife), mas imagino que este problema possa ser generalizado. O fato de nossa economia ter lançado uma nova frota de veículos no mercado pode justificar muitos engarrafamentos. O problema é o tempo que decorre para que as autoridades (que certamente andam de helicóptero) tomem medidas de ajuste. Reconheço os méritos do surpreendente desenvolvimento da região (e eventualmente do país), mas não podemos deitar no berço esplêndido da admiração dentro das crateras das estradas entupidas. Não há voz para bradar a indignação de se estar retido por absoluta negligência, insensibilidade ou coisa pior. Um pensamento recorrente nesses momentos é o da visão da recuperação da estrada atingida por um terremoto no Japão que, quem via antes não acreditava que sequer a recuperassem, quando, na verdade o fizeram em 07 dias com pedido de desculpas pela qualidade (...e a gente aqui morrendo de inveja dessa incompetência do engenheiro japonês).