2ª parte: "A despedida"...Ela estava indo embora.

Certa noite, quando eu já estava deitada em minha cama, esperando o sono chegar, em minha mente veio a lembrança da imagem de uma garotinha, que amparada por uma pessoa, lhe mostrava algo, e que partir daquele momento, onde ela estivesse, aquela imagem serviria, de expiração, na sua maravilhosa jornada, onde quer que estivesse. E sem nenhuma alternativa, está pessoa sugeriu que ela beijasse. E assim sem protestar ela debruçou e lhe deu um beijo de despedida, e meio confusa olhava em volta, naquela sala enorme, decorada com vasos de azaleias rosa, e observava muitas pessoas reunidas que choravam. E foi quando o seu interesse se despertou, e movida pela curiosidade, à criança fez a pergunta, e se virou e perguntou a está pessoa que a conduzia: “-Por que todos choram? E a minha mamãe e meu papai, por que choram tanto?”.

E como uma pessoa responsável, equilibrada ela falou: “–Como todos que estão aqui nesta casa estão todos tristes, eu também estou, achei que não iria conseguir lhe dar explicações do que aconteceu”. E por mais que amamos uma pessoa, ela um dia, irá nos deixar. E assim temos que regar o nosso jardim todos os dias, de alegria, de amor, compaixão, e este é o caminho que devemos empenhar durante toda a nossa vida, para que por ventura, tenha que experimentar algum dia está despedida, você não venha sentir um vazio, da dor de uma separação, deste nível, tão profundo. E ai a garotinha ouvia.

E quando decidimos morar aqui na terra, num determinado tempo, e somos convidados a morar junto de um papai, uma mamãe e irmãos, é para que nós possamos evoluir, como raça humana. E assim tornamos agentes do nosso destino, e também de nós nos conhecer melhor, e todas as respostas que você quiser um dia saber, ela vai estar em seu coração. E a cada vida que parte deste mundo ela é guardada para outro tipo de vida, será uma nova criatura espiritual nos céus.

E assim a garotinha ouviu e ficou aliviada, e percebeu que quando morre um ente querido, a dor, o pesar e os sentimentos de desamparo, podem parecer insuportáveis e que nessas ocasiões, temos de buscar o consolo das palavras de Deus ( 2 Coríntios 1:3,4). Então como posso dizer, quando uma criança nos seus pequenos anos de vida, aos 4 anos, passa por uma experiência deste tipo de perder uma de suas irmãs, aquela que mais ela amava, e mesmo assim, ela não sentiu dor, nem tristeza pela morte da sua irmã.

E assim hoje aos meus 60 anos, pude reviver a este fato, com emoção e de uma lembrança que acostumada com a sua presença, o seu sorriso, que marcou a nossa amizade, que de certa forma foi para está menina, uma despedida, e que iria para sempre repercutir aquela imagem “o fim de uma vida humana” E assim acostumada com a sua presença, e com a sua proteção, naquele dia no mês de junho, em uma manhã muito fria, tudo saiu da rotina, o ambiente estava triste, e notei que o ambiente estava sendo preparado para algo que eu não conseguia entender, mas eu conseguia perceber, a tristeza no ar, como se houvesse um luto. Por que na noite anterior, tinha sido um corre... corre, muitos gritos. “Principalmente de meus pais, onde a única coisa que eu guardava naquele momento, os gritos de mamãe dizendo aos berros: “ Silvia está morrendo, ela está indo embora, veja quanto sangue sai de seu nariz.” E realmente aquela noite, seria a sua ultima noite nos braços de minha mãe. E tudo eu assistia, sem chorar, e sem fazer nenhum comentário. E assim sem mais nem menos, fui tirada daquela casa, numa noite fria, junto com meus irmãos, e levados para casa da minha avó, que morava ali perto, onde fomos colocados em uma cama de casal para que pudéssemos dormir. Fizeram isto para nos proteger da tragédia que tinha acontecido em nossa família. Mas na verdade eu estava sentindo o sentimento de perda, por que ninguém está livre de sofrer com separações, e não temos como fugir disto. E se me fosse dado escolher, eu preferiria não ter me apegado tanto a está irmã. “Silvia”

Por que dali para frente não seria a mesma coisa, e como eu iria viver sem a sua presença, sem o seu sorriso, e a sua alegria. E assim, meio confusa eu semeava uma ilusão, que ao acordar de manhã, iriamos voltar a vela, e na minha imaginação de criança nos meus 4 anos, eu pensava, “é mentira, ela está brincando com a gente”

Mas bem que eu gostaria que fosse mentira, mas a vida preciosa de uma jovem aos seus 16 anos, se foi, por que a vida de uma pessoa tem uma lógica. E a lógica da vida tem uma lógica própria não respeita os viventes. “E viver é um risco”. E assim logo que clareou o dia, ouvi alguém chegando e veio direto para o quarto que nós, as irmãs estávamos, era o meu irmão mais velho com a sua namorada, eles tinham vindo nos buscar. E assim logo que eu os vi, perguntei o que tinha acontecido com a minha irmã Silvia. E com aquele ar de tristeza eles falaram: “- Viemos aqui para buscá-los, para vocês se despedirem de sua irmã. Este será o ultimo dia que irão vê-la.” Ela está indo embora, e iria para sempre. E foi quando eu me lembrei de uma coisa que está minha irmã tinha falado para nós, quando brincava com a gente, uma noite antes, disse assim: “- Hoje todos nós estamos rindo, amanhã todos irão chorar, mas antes eu vou pintar os meus lábios de roxo”.

E ficamos sem entender nada o que ela quis nos dizer, e com toda aquela alegria, veio o novo ciclo: "A tristeza” da despedida. E quando alguém, querido vai embora, para sempre, é estranho e curioso, o nosso espirito muitas vezes se prepara para está triste despedida, de uma forma que eu mesma não tive dificuldade de aceitar aquela perda. Por que ao chegar no local havia muitas pessoas aglomeradas no centro da sala , e com as minhas mãozinhas pequenas, fui afastando um a um até chegar ao local desejado, e ergui os meus pés para ver o que todos estavam olhando, e com dificuldade segurei na beira daquela caixa comprida, pois era assim que eu via, não sabia o que era, e foi quando eu ouvi alguém se abaixar, e me falou: “- Você quer ver a sua irmã?” Fiquei olhando sem entender nada, mas disse que sim, mas era mais por curiosidade de criança, querendo saber o que avia ali. E foi quando está pessoa me pegou no colo e me mostrou. Ali, ela estava toda vestida de branco, em volta do seu corpo, flores de azaleias cor de rosas, e os seus lábios em um leve sorriso, e pintados da cor roxa, a mesma que ela tinha falado para nós. Eu fiquei olhando e admirando-a, não entendia o que era morrer, para mim ela dormia, e que logo iria brincar comigo e com as minhas irmãs. Mas quando fazemos amizades com alguém, depende de quem for, criamos laços humanos, os nossos sentimentos, correm o risco, e provavelmente queira ou não queira, ela será dolorosa. E quando se aproximou a hora da despedida final, as lágrimas dos meus olhos, começaram a cair e comecei a chorar baixinho e lhe dei um beijo, e com a minha mãozinha pequena dei um “tchau” assim meio sem graça, com se dissesse... “Você está indo embora, minha amiga, você conquistou o meu coração e agora simplesmente vai embora sem ao menos ouvir de sua boca um murmúrio de um adeus”... “Você muitas vezes foi responsável por mim, diria como uma “mãe”, pois conquistou minha amizade e meu afeto, foi uma pessoa importante para mim, lamento que durou tão pouco a nossa relação. Mas valeu a pena por que em minhas lembranças ela será eterna”.

E hoje já se passaram 56 anos, e que bom que eu tenho de quem lembrar, e de quem sentir saudade, e a quem a agradecer por ter feito parte da minha história, e por me ajudar a ser o que sou hoje, este conjunto de retalhos da vida que passou... E que segue talvez um pouco ingênua, mas também sou alegre, e com expectativa da vida, para seguir em frente. Hoje não sei onde você está, mas por outro lado, sei sim onde você está. Em minha memória, em um canto especial do meu coração. E à medida que passa o tempo para mim, só aumenta a sensação de que o tempo perdido será reencontrado. Na minha infância, deparei com está passagem triste, mas que me ensinou que morrer, e quando o tempo para de brincar, sem estar preso á uma grade de horário.

Não gostamos de dizer adeus a quem amamos. Mas temos de fazê-lo. Por mais que tentemos evitá-los, por meias relutantes que estejamos para discutir a questão, a morte é uma parte muito real da vida. No final, todos nós devemos soltar a mão dos que amamos, deixando- os nas mãos daquele que não vimos. “DEUS”

Vovó Melão

15-08-2011

Continua... #3

1ª " A onde estiver... Você estará bem."

Neire Lú
Enviado por Neire Lú em 11/07/2012
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