3ªParte:“Voltei a vê-la, mas ela estava... Tão sujinha!”
Não sei por que certas coisas têm que ser transmitidas por fatos, que dificilmente conseguiremos esquecer assim facilmente, e porque Deus revela seus segredos de uma forma que só ele conhece? E assim daquela vida que um dia eu trazia em minhas lembranças, a imagem de uma pessoa que ainda me fascinava, como a mais bela pintura, naquele instante terminava a minha ilusão como a poeira que encobre o sol do deserto. Eu não conseguia ver mais aquelas belas formas, como daquela nossa ultima noite que brincamos juntas. As imagens retornavam como relâmpago em clarões, que me fez sofrer de lembrar de quando menina, eu a vi indo embora, ouvindo o choro angustiado de mamãe, então na minha aflição eu também me puis a chorar baixinho. E naquela manhã fria do mês de junho, a minha alma de criança, senti que seria inútil, chama-la, porque ela não poderia mais ouvir ninguém naquela manhã, estava morta. E aquele tempo um dia já se foi, era inútil chamar por ela, a minha irmãzinha, queria poder protege-la naquele dia e cuidar de você. E de perto eu fui assistindo tudo, quando aquele homem, com todo o cuidado começou a cavar a terra em que estava ali a muitos anos. E assim diante daquela cena, o meu coração pulsava sem saber se era de alegria ou tristeza, pois eu pensava quantos anos eu não a vejo, e que saudade. Mas eu sabia que o que eu iria ver, não seria bom para os meus olhos. Mas mesmo assim eu continuei ali em pé, não era mais uma menina que tinha medo do escuro, já tinha se tornado uma jovem, com os meus 13 anos, pois tudo que eu estava vendo fazia sentido. Por que tudo que foi importante para nós, nos faz lembrar como se fosse hoje. Pois naquele momento minha alma me fez observar que “As nuvens que se juntam a volta do sol que se põe, ganham suas cores solenes de olhos que tem atentamente observado.” E a mortalidade humana é como as cores que estão lá, no poente, mas quem só a vê as cores, não veem nada. E assim como a beleza nostálgica do sol que se põe naquele momento seria a ultima vez que os meus olhos iriam fotografar toda a saudade de uma ausência, que finalmente chegava a um lugar para quem um dia me fascinou, eu tivesse apenas um olhar de despedida. E foi que finalmente aquele homem chegou naquilo que estava preservado há muito tempo, começou a tirar lascas de madeiras podres, marcadas por um tempo que agora descobertas, tinha um proposito tirar daquele caixão o que tinha restado de minha irmã. E na minha curiosidade, eu via com detalhes a cada movimento que aquele homem fazia e trazia em suas mãos, e era como quase uma mágica, que ao mesmo tempo em que devolvia para os meus olhos, partes (dela) eu pude perceber e sentir a sua presença. E antes do encerramento daquele trabalho. Eu vi que Deus era muito bom, e que antes de tudo, era um belo quadro, uma obra de arte e que o ser humano quando vivo ele é uma opção de experimentar a beleza de estar em comunhão com o sagrado corpo, uma alegria para nossos olhos, quando refletido no espelho. Mas a beleza de tudo isto um dia se esvai se acaba, enfim chega e assim recolhe os despojos das sobras que se espalhou na terra. Há morte e o terror que no escuro nos espreita. Mas a nossa alma que sobrevive a morte, vai para algum lugar. E a beleza e saber que a face de Deus é visível, e ele nos encanta diante do assombro que é a vida, independentemente do que restar, porque podemos perder todo o nosso encanto, mas continuaremos na memória das pessoas que amamos e que nos ama. E assim de uma infinidade de cenas, como se fossem fotografias, ficarão em nossas memórias. Como você minha irmã “Silvia”. Pois tudo que agente acumula em nossa memória é parte da gente, porque somente o amado é acumulado. E uma ideia do qual não podemos fugir é quando se dá conta de que a cera que resta, é muito menos que a cera que já se queimou. E assim desta forma fui juntando coisas que ao passar dos anos, continuou a viver dentro de mim como uma relíquia a imortalidade, de deixar vivo o que nos ofereceram como herança. Uma herança deixava para que fosse celebrada, como marca de uma passagem de alguém, que a morte levou, mas continuo celebrando, como se fosse a ultima vela, na esperança que diante da luz florescente, queime a escuridão, que um dia a tristeza deixou. E desta lembrança serena de uma dor passada, hoje ela me traz um prazer, onde posso lembrar-me de alguém, que com a sua pouca existência deixo para mim, a coisa mais preciosa, é ter algo que amar, e o que fazer, pois destas crônicas, a minha mente se abre a novas ideias, e que jamais voltara ao seu tamanho original.
“Oh céus que se torna maravilhoso, da sua beleza natural, tu eis a face divina de Deus. E a sua comunicação se faz presente de uma forma esplêndida, nos oferecendo o sol, dos seus raios saem labaredas de fogo, um fogo que queima até nossa alma. Mas se para chegar a Deus, é preciso chegar até o sol, então me abrace sol, e me leva ao nosso senhor. Esse Deus de coragem, que nos envia todos os dias o seu amor, meu sentimento as vezes é de medo, um medo de um dia abandonar este mundo. E se um dia eu ir para cama e morrer, receba minha alma Senhor Deus. E quando eu deixar este paraíso, sei que minha alma irá para algum lugar, porque ela sobreviveria após a morte”
“E se você não sabe para onde vai, nem um caminho lhe servirá”
Neire Lú
26-01-2012
1ª Parte: "A onde estiver, você estara bem"
2º Parte: " A despedida"... Ela está indo embora.