SOMOS IN...
Estamos cada vez mais um país do “in”. Ao contrário da interpretação positiva da expressão em inglês, o nosso “IN” é maiúsculo. É prefixo que está deixando de sê-lo para ser a raiz dos nossos problemas. INcompetência. INcapacidade de lidar com a INformalidade das forças marginais que, no confronto com as oficiais, estão ganhando a guerra urbana. INércia das INstituições absolutamente responsáveis pela tolerância nas leis que contribuem em substância para a impunidade.
Temos a sensação que a capacidade inventiva, bem como a preparação a que se submetem os juristas não significa nada frente ao clamor nacional por uma mudança contundente nas providências como resposta à violência por exemplo. Que existe apenas um orgulho de classe, hoje descabido, anacrônico e patético. É como se estivéssemos vendo crescer o ovo da serpente indomável do caos social para o qual não haverá remédio.
Leis tolerantes, penas curtas, desigualdade social, corrupção nas forças oficiais, desinteresse do legislativo, acomodamento do judiciário, falência do sistema carcerário, descaso com educação, desemprego, crime organizado, entre outros ícones que mapeiam o quadro social brasileiro são tratados como independentes.
Onde estão os pensadores, catedráticos, acadêmicos, instituições geradoras do norteamento comportamental com influência para fazer dar partida a um plano que contemple todos os aspectos desse status infernal? Que faça a ligação na dose certa, com remédios diretamente aplicados nos vasos que irrigam essa diverticulite que vem se espalhando no corpo social da nação?
Como poderemos ser um país que crescerá que alimentará o mundo, que se tornará de tecnologia de ponta, que se igualará às grandes potências sócio-econômicas, se não se consegue estabelecer um plano com tópicos de interligação coerente que dê sustentação a essa crença. Que faça a sociedade organizada acreditar em um projeto modulado e interdependente?
A opinião pública, por mais que possa ser manipulada pelos meios de comunicação, ainda consegue filtrar as essências dos seus males que requerem solução imediata, sem fazer uso de diagramas complexos. Até quando se viverá num mar de injustiças enquanto as ilhas da intelectualidade e das opulências do poder navegam com seus cascos duros sobre nossas cabeças?
Não nos enganemos achando que os casos escabrosos que vão dos acovardamentos caracterizados pelas negociatas entre governos estaduais e bandidos, até os crimes praticados nas ruas, de crueldade inimaginável para a nossa época, irão tirar da pasmaceira a elite brasileira que usa toda sua sofisticadíssima experiência para desfile nas passarelas e na armação das barricadas das lutas de classe em defesa de um modo de vida arrogante e egoísta.
Nesse ritmo aproxima-se o dia em que terão que sujar as mãos. E não será das sujeiras costumeiras. Já há os sinais. É o crescente descongelamento das calotas do poder se misturando às águas do mar das injustiças, (para fazer referência à outra elite, a do planeta, em relação à poluição). Na verdade, é, quem sabe, uma boa disputa pela eutanásia ao povo. Quem viver verá!