NATUREZA MORTA

Caminho por esta terra árida, sem as belezas naturais que em tempos idos, aqui vivenciei os melhores dias de minha existência. O choque desse caos provocado pela ganância e morbidez humana é aterrador. O chão sem vida onde agora piso, era uma terra fértil, onde havia belas árvores e frutas silvestres. Ao longe meu olhar fixa num ponto crucial, que tinha uma pequena cachoeira de águas puras e refrescantes, onde em companhia de outras crianças, brincávamos curtindo as delicias de ficar se banhando nelas em quentes tardes de verão. Na pequena mata onde pássaros de várias espécies construíam seus ninhos e tinham abrigo e alimento para seus filhotes, as folhagens mostravam suas diversidades naquele ambiente calmo e sedutor. As águas descidas da cachoeira escorriam nas pedras e seguiam para um pequeno riozinho adentrando a mata. Nas margens arbustos e flores enfeitavam o beiral umedecido onde folhas secas e flores murchas que caiam na correnteza iam seguindo seu caminho até encontrar algum obstáculo que as segurasse para ali terminar sua jornada. Era tanta beleza que quando o sol deixava sua marca dourada nas nuvens, é que percebíamos que a noite já se aproximava. Passou-se muito tempo e essas suaves e lindas lembranças ficaram gravadas na mente e no coração. Até que agora, voltando às origens para rever essas belezas que ficaram gravadas na minha saudade, o choque emocional me leva as lágrimas. Custo a acreditar no comparar o antes e o agora. Gostaria de guardar nas minhas lembranças o “antes”, mas quando olho em volta e vejo o que restou... infelizmente “a natureza morta” é o “agora”.

10-07-2012