DIA DE COBRANÇA
Hoje não é um dia bonito e nem será. Não chove (aliás, eu adoro chuva!) e nem faz sol escaldante, mas apenas não vejo graça na claridade, pois hoje é dia de pagar as contas. E se transforma, por esse motivo, no dia mais racional do mês. Não sinto intensamente como nos outros dias, nem posso, preciso de cabeça fria para planejar. E já penso nos gastos do mês que ainda virá e se a renda será suficiente. Nem vou esmiuçar as despesas para que não parem por aqui a leitura, de tão chato que seria, apenas imaginem as chatices normais de sempre, já está bom assim.
O dia de pagar as contas é tão chato que vejam só esta crônica: mal escrita, preguiçosa, com palavras simplórias e sem nenhuma criatividade. E você ainda continua lendo? Então vou contar algo: tinha uma conta que venceu há 15 dias e nem lembrei de quitar. Era uma conta aleatória, não fazia parte das despesas mensais e realmente minha vida anda tão atribulada (ainda bem!) que esqueci e só a vi hoje, no meio das outras contas. E o que fiz? Burlei o código de barras e coloquei o vencimento para hoje. Paguei com um valor a maior para que fiquem com um pouco de crédito por lá e não me mandem mais cobranças. Melhor que ir ao banco enfrentar fila para pagar a multa e os juros, que seria um valor até inferior. Podem me julgar.
E o dia vai terminando junto com essa ladainha, a noite se aproxima e a espero com anseio. Será a deixa para que meu dia realmente fique para trás e eu volte a incorporar o que realmente gosto de ser, mesmo que em pele obscura. Sei que a noite pode trazer à tona sentimentos e desejos complicados, reprimidos, escondidos, mas mesmo assim, são bem mais reais e sinto cada um deles fazendo parte de mim. Qual a certeza que tenho do fim do meu dia? Apenas uma: após um dia desses (e como em todos os meses), com certeza vou pensar em contas, mas nas contas que a vida me cobra.