ANABAILUNE. BELEZA EM FORMA E CONTEÚDO.
A feminilidade nasce do sonho e do amor, ninguém pode negar. Caminhe-se na rica mitologia grega e lá estão Dafne e Proserpina, amadas por serem puro amor. Como em Tolstoi, Ana Karenina amava o amor.
O homem desperta sob essa fagulha que incendeia toda a humanidade e sua história, o amor.
O mais puro dos sentimentos com berço na sensibilidade feminina traz o homem para junto de si na construção da epopeia dos tempos. É o ser e não-ser de Heideger que acaba em ser por força de construir sendo, pelo ato de amar. E ama-se o não-ser de forma plena. É a elevação máxima do espírito que alcança outros espaços.
O amor é vida e ela nos vem pela alma feminina e por seu ventre.
A internet nos trouxe a avalanche da novidade, quem vivia de livros e só, agora conhece outros meandros, e esses espaços revelam surpresas. Se a massa é pletora majoritária de trocas em comunicabilidade, o que é bom em todos os sentidos, espoucam em brilho algumas estrelas esparsas nesse firmamento chegado com a tecnologia.
Anabailune é uma dessas estrelas, sem favorecimentos. Sou mais rigoroso do que o rigor. É preciso ver aonde os olhos não chegam. Desimportam os grandes créditos, e quem diz o que necessita dizer, por força do impulso nato, que não se represa, desnecessita de reconhecimento que faz ufania. Quem reputo um dos maiores escritores de todos os tempos foi reconhecido com cem anos de morto, Khalil Gibran Khalil, que nos legou “O Profeta”.
Na época da antena, onde tancas e haicais que sinalizavam o descanso dos camponeses depois de lavrarem a terra, com suas imagens contidas na beleza da natureza, porém na sinceridade de valores, se transformam na vontade de muitos de versejar com retenção do coração na exiguidade do sentimento, fácil de dizer, mas pobre de sentir, Ana Bailune nos brinda com “VAI FICAR TUDO BEM”, que recebo honrado. Uma abertura do verso, incontida.
Da saudade, vazio sem preenchimento, “descobrir (que nela) não há descanso”, transitando pelo tempo que consola “e passa por sobre toda dor”, e fica no sonho feminino do ventre que espera, na certeza que existirão “montanhas, e rios, noites plácidas, calmas sem dor” a “pousar em nossos sonhos”, “pois há uma ilha em que sonhamos”, “ uma estrada..driblando a sorte”, onde “sonhar era só rotina”, “ e o passado não existia”, mas de alguma forma “me abraçou a noite inteira”, vendo no “éter (o que) não chegou a vir a ser”, MAS É, é sentido e vivido, É, “tem os olhos bem fechados (mas vê sua mãe)”, “os ouvidos bem selados”, mas ouve cantigas de ninar, “mãos imaculadas” entrelaçadas na eternidade na mãe que é tempo como todos somos, passado e futuro, ser e não ser hidegueriano, e por isso, maravilhosamente e de forma vestal “MEU FILHO É FEITO DO SONHO QUE NUNCA NINGUÉM SONHOU,MEU FILHO DORME NO VENTO E CANTA PARA EU DORMIR”. Somos nada mais ou menos que sentimento. E o sentimento vive, É REALIDADE.
Não há maternidade tão sublime...e ela nos é trazida pela magnitude do sentimento de Ana Bailune. Nada mais a dizer, que não reverenciar a envergadura do sentimento em dizer. Meu respeito, meu abraço, minha admiração.