QUE HORAS SÃO?
QUE HORAS SÃO?
Eram duas horas da manhã, quando Roberto passava em frente ao cemitério e percebeu que a bicicleta estava pesando.
Parou, encostou-a no muro e começou a avaliar o que estaria acontecendo.
Nesse momento ouve alguém lhe perguntar
- Furou o pneu? Virou-se para o lado de onde vinha a pergunta, mas não viu ninguém
A mesma voz agora lhe perguntava:
-Que horas são ?
Roberto percebeu que era pessoa de dentro do cemitério, de quem ele somente enxergava a cabeça.
-O quê você está fazendo aí, uma hora desta? Seguiu-se a resposta.
-Eu moro aqui. Ali mesmo e apontou para o interior do cemitério
Já um tanto ressabiado, Roberto insistiu: - E o quê você faz ? ---Nada não; eu apenas moro. Você não quer entrar para conhecer onde eu moro?
-Não, obrigado
O outro insistindo- você não me disse as horas? Roberto olhando no pulso, informou, são 2 e 15
Ah. Obrigado; deu uma meia risada de agradecido, e acrescentou – Preciso voltar
Roberto o encarou e nesse momento percebeu que ao invés de gente normal, era uma caveira que se apresentava com os caninos brancos, imensos, pontudos, claros. e desbotados pelo tempo, porém ameaçadores
Roberto não teve dúvidas, largou a bicicleta e saiu em correria, somente indo parar no ponto de ônibus, cansado arrepiado e com a imagem do “aparecido” com seus caninos ameaçadores, chamando. e gritando
-Não carece ter medo. Eu sou inofensivo.
Roberto não quis saber, de explicações; somente foi parar no ponto de ônibus, porque já lhe faltava o fôlego e suas pernas não obedeciam a sua vontade
Um cidadão cerca de 50 anos.bem vestido, de terno preto e uma pasta, condição não usual naquele bairro, se interessou pela condição de Roberto e perguntou-lhe :
-Você está bem ? Posso ajudar? Roberto se desmancha em detalhes e conta sua desdita e a visão dos caninos imensos, ameaçadores...
Ah!, diz o cidadão, aquele é o Carlinhos,.conheço ele, muito. Ele é inofensivo. Ele costuma puxar conversa com alguém que raramente passa de madrugada na sua calçada. Fique tranqüilo, ele é inofensivo, mesmo. Espere que eu vou buscar sua bicicleta. Mas antes me diga . os dentes que ele lhe mostrou são iguais aos meus E foi abrindo a boca de onde se projetaran 4 caninos imensos, vermelhos, como se estivessem saindo do fogo.
-Ah! Foi só o que Roberto conseguiu dizer. Desta vez não teve forças pra se levantar e como foi parar em sua casa não sabe explicar. E quando ele quis saber de sua bicicleta lhe explicaram. Foi um homem de terno preto, seu conhecido, que tomou esse cuidado. – Deu o nome ? – Não; nem deixou telefone. Disse que não precisava porque você sabe de quem se trata.
-Ele riu? Roberto perguntou - Por que havia de rir?
-Queria saber a cor de seus dentes
Jul/12