Balada das Irritações
Desde dos meus 15 anos saio direto para muvucas de A a Z, coleciono porres (incluso 2x glicose na veia e mamãe emputecida), zumbidos no ouvido (e o medo de ficar com o barulho para sempre), dores de cabeça (dores na moral), 15 chamadas perdidas (mamãe), sumiços (lá vem mamãe de novo me procurar) e outras porcarias danosas. É, dei muito trabalho para a matriarca da família. Tresloucava nas nights, voltava excessivamente tarde (pós o coito da galinha), inalava tudo que era fumaça, aspirava diversão. Era insaciável. Continuo durando, mesmo alguns anos mais amadurecida. Percebi que mesmo no começo, possuo um sentimento que vem me acompanhando há alguns anos: a frustração. Explicarei como as noite são tentadoras e igualmente decepcionantes:
Falarei emitindo experiência que vivi e pode ser compreendida a quem se identificar (se a carapuça servir, risos). Foi se tornando vicioso desejar que a vida mude drasticamente em 5h (tempo médio da balada). Ia em busca além do álcool e música boa. Queria que fosse perfeito. Como se a noite fosse uma roleta russa em que meus dias de glória estão por conta dela. Como se na semana só existisse sextas e sábados. A expectativa era esmagadora, fácil me sucumbir. "Pode ser diferente". Que nada, viu? Seja lá qual for o CEP do local, a semelhança não é mera coincidência. Perdi as contas das vezes do qual cheguei pela manhã transtornada (saiu o efeito do álcool, consciência pesada, desconsolada). Bebia, dançava, paquerava, outras ficava, mas ao voltar para casa...( ). Novamente, insistia em ser a última a sair, até o estabelecimento ligar o pisca-pisca vermelho sinalizado a saída. "Espera aí, pode acontecer. Ainda são 4h25", desesperava, me auto sabotava. Esquece, não existe amor em baladas.
Festa é um programa fútil para as pessoas praticarem futilidades. Gasta-se muito dinheiro, falasse pouco e beija-se mais. É uma escolha. O supérfluo faz estragos. Prefiro conhecer o intelecto do sujeito ao invés de encostar meus lábios numa boca do qual desconheço o timbre da voz (e conversar seria o mesmo que tentar usar a língua dos sinais para cego). Um ambiente do qual as cabeças de gado querem se descartar (mas no fundo, são apenas baratinhas zanzando, fofocando e procurando). É a entrada para perdição free até 0h. Consumação, consumação e transpiração. E fazer social? finjo que não conheço, dou um furtivo "alô" ou viro a mala amigona (culpo o whisky). Existe a óbvia competitividade de egos femininos que me faz rir ou quem é o mais fodão da parada, lá todos os amigos são de fachada, panelinhas seletas de blasés, bebida absurdamente cara (e a luta para comprar), gente estúpida (empurra, pisa no pé, cospe mas não pede desculpas), homens sem semancol, som debilmente alto (tocando bastaque irritante. alguém gosta de ouvir furadeira repetitiva?), filas homéricas, segurança babaca e ect ad eternum. Gosto de bater papo, sentir a presença da ilustre persona, ao contrário de uma boate, dependendo da luz, posso me arrepender da opção. Cansei. Se houver show, vou. Se houver um barzinho para trocar ideia, vou. Agora... Nem cheguei aos 30 e digo de boca cheia: não quero mais saber de balada de seu zé ninguém.