"Sucena" (reprisando)
“Sucena”.
Desculpe, - mas você está sozinho?
Aceita um copinho aí?
Não quero que você pense que eu sou aquelas coisas não tá?
É que bebi um pouquinho sabe?
A Sucena foi embora...
É aquela safada, me largou na mão e levou embora os meninos, é mole?
Fiz de tudo por aquela mulher, tirei da sarjeta, tava comendo merda na guia.
Barriguda, grávida de quase sete meses, acolhi, levei para o meu cantinho...
Tudo bem eu também me aproveitei, só tinha uma cama fazer o que?
Depois bateu em mim uma necessidade de assumir, comecei a trabalhar, comprei berço, fralda de caixa, remédio, vitamina, tudo.
Aí as crianças nasceram, lindas como a mãe, mas negrinhos como o pai.
Ela era morena clara, e deve ter se metido com algum tipo nojento, bem pretinho, pois os filhotinhos eram bem pretinhos mesmo.
Mas sabe o que é se apegá a uma pessoinha?
Me apeguei, e aqueles dois dominaram meu coração quarentão.
Trabalhava de sol a sol, na estiva, para dar de comer e de beber do bom e do melhor para eles.
Sucena rejuvenesceu, comida boa, eu dava e daria. Ficou parecendo uma artista.
Quando a gente ia à praça ver umas dança de capoeira, ela ia à frente e atrás ia eu e os filhotinhos.
Eles gostavam de mim, um dia um me chamou de pai, quase ela bate nele.
Fiquei muito triste e me afastei das crianças, mas sempre dando de tudo um pouco.
Mas ela não cuidava, acabava eu cuidando outra vez. Noutro dia, eu a vi num conversê, dizendo.
-Este é o pai das crianças.
Daí a dez minutos de papo foram embora, levaram tudo, eu não ganhei nem um tchau.
Não passou um mês, e as coisas desandaram.
O rapaz pôs chifre na Sucena, e ela lascou uma faca nele.
Tá na cadeia e as crianças no abrigo, toda vez que eu visito as crianças, fico assim.
A juíza me falou.
- Casa, que os dou para você cuidar.
Mas casar com quem?
- Conversa de lá conversa de cá, conheci uma caboclinha que tava numa precisão danada.
Fizemos um trato, falei com a Juíza e expliquei tudinho.
-Contou tudo para ela?
-Contei.
Então tá bom te entrego os meninos, na semana que vem. Sucena soube, porque na cadeia tem um tal de papagaio, que alcagüeta, tudo aqui de fora.
Avisou,
-Se levar as crianças mando matar os quatro.
Mas antes disso, teve uma rebelião e ela morreu.
Os meninos já estão grandes, a mulher teve outro também.
Agora somos cinco e somos felizes.
Oripemachado.
“Sucena”.
Desculpe, - mas você está sozinho?
Aceita um copinho aí?
Não quero que você pense que eu sou aquelas coisas não tá?
É que bebi um pouquinho sabe?
A Sucena foi embora...
É aquela safada, me largou na mão e levou embora os meninos, é mole?
Fiz de tudo por aquela mulher, tirei da sarjeta, tava comendo merda na guia.
Barriguda, grávida de quase sete meses, acolhi, levei para o meu cantinho...
Tudo bem eu também me aproveitei, só tinha uma cama fazer o que?
Depois bateu em mim uma necessidade de assumir, comecei a trabalhar, comprei berço, fralda de caixa, remédio, vitamina, tudo.
Aí as crianças nasceram, lindas como a mãe, mas negrinhos como o pai.
Ela era morena clara, e deve ter se metido com algum tipo nojento, bem pretinho, pois os filhotinhos eram bem pretinhos mesmo.
Mas sabe o que é se apegá a uma pessoinha?
Me apeguei, e aqueles dois dominaram meu coração quarentão.
Trabalhava de sol a sol, na estiva, para dar de comer e de beber do bom e do melhor para eles.
Sucena rejuvenesceu, comida boa, eu dava e daria. Ficou parecendo uma artista.
Quando a gente ia à praça ver umas dança de capoeira, ela ia à frente e atrás ia eu e os filhotinhos.
Eles gostavam de mim, um dia um me chamou de pai, quase ela bate nele.
Fiquei muito triste e me afastei das crianças, mas sempre dando de tudo um pouco.
Mas ela não cuidava, acabava eu cuidando outra vez. Noutro dia, eu a vi num conversê, dizendo.
-Este é o pai das crianças.
Daí a dez minutos de papo foram embora, levaram tudo, eu não ganhei nem um tchau.
Não passou um mês, e as coisas desandaram.
O rapaz pôs chifre na Sucena, e ela lascou uma faca nele.
Tá na cadeia e as crianças no abrigo, toda vez que eu visito as crianças, fico assim.
A juíza me falou.
- Casa, que os dou para você cuidar.
Mas casar com quem?
- Conversa de lá conversa de cá, conheci uma caboclinha que tava numa precisão danada.
Fizemos um trato, falei com a Juíza e expliquei tudinho.
-Contou tudo para ela?
-Contei.
Então tá bom te entrego os meninos, na semana que vem. Sucena soube, porque na cadeia tem um tal de papagaio, que alcagüeta, tudo aqui de fora.
Avisou,
-Se levar as crianças mando matar os quatro.
Mas antes disso, teve uma rebelião e ela morreu.
Os meninos já estão grandes, a mulher teve outro também.
Agora somos cinco e somos felizes.
Oripemachado.