** CRÔNICA DO TREZE ** Antonio Cabral Filho * http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br/p/cronicas-do-suassui-antonio-cabral.html
" Treze é um número diabólico,/ não há mesmo quem o negue;/ mas todo bruxo procura / um diabo que os carregue."
Dizem que, astrologicamente, é neutro. Mas o azar campeia na sexta-treze.
Particularmente, não tenho superstição, mas creio no seu parentesco com as bruxas: Que ambas existem, existem.
Por exemplo, as letras A e C são iniciais do nome do meu pai e do meu nome também, mas tê-las como Marca gravadas nos animais não seria "espiritualmente" correto por lembrar "Anti Cristo". Porém, lhe sugeriram convertê-las em números e, desde então, o treze virou seu patuá.
Era treze no cordão, no anel, na fivela do cinto, nas camisas do Cruzeiro, nos bonés etc. Mas tinha os "treze especiais", como na porteira da fazenda, para espantar olho-grande; nas portas da casa, contra todo tipo de mal; na coronha do rifle, para dar sorte nas caçadas; até descobrir que seu nome, ANTONIO CABRAL, também tinha treze letras. Passou a gostar tanto do número treze que registrou-me como nascido no dia treze, mesmo sabendo que eu nasci no dia quatorze.
Meu pai não gostava de NADA preto. Nada. Nem cachorro, nem gato, nem galo e, muito menos cavalo, devido à ideia de que é o cavalo branco que atrai fluidos positivos e por ser a cor do cavalo de São Jorge, de Napoleão, dos Césares e, vaticinava: "Nunca vi um vencedor montado num cavalo preto!" Mas, certa vez, viu um poltrinho, preto retinto, com uma lua branca na testa, tão bonito, tão bonito, que ficou fascinado com ele e comprou-o. No primeiro dia treze seguinte, marcou-o com o treze na testa, bem dentro da lua branca. Foi o mais lindo cavalo árabe já visto no Vale do Aço Mineiro!
Ele dizia que ninguém roubava nossa criação nem nossa plantação devido ao "poder do treze", marca "poderosa", frisava.
Certo ou não, quem sou eu pra discutir o assunto?! Mas que é verdade, é: Ninguém roubava nossos bichos.