Morre o poeta Ronaldo
Acabo de saber da morte de Ronaldo Cunha Lima, respeitado poeta paraibano, nascido na cidade de Guarabira.
Conheci-o, pessoalmente, em 1990, nos 50 anos do seminário franciscano que estudei, Ipuarana, a poucos quilômetros de Campina Grande, no alto da serra da Borborema.
Ele passou muitas horas com os ex-seminaristas recitando seus belíssimos versos e versos do seu conterrâneo Augusto dos Anjos.
Desde estão, passei a admirá-lo, colocando-o entre os meus poetas preferidos.
Como homenagear um poeta morto senão lembrando seus versos? É o que passo a fazer, agora.
Poderia começar transcrevendo Habeas Pinho, uma petição do Ronaldo ao Juiz da Comarca, em versos, pedindo a liberação de um violão, apreendido pela polícia, numa noite de seresta.
É um poema muito longo, que começa assim: "O instrumento do "crime" que se arrola/ Nesse processo de contravenção/ Não é faca, revolver ou pistola,/Simplesmente, Doutor, um violão."
E continua: "Libere o violão, Doutor Juiz,/ Em nome da Justiça e do Direito./ É crime, porventura, o infeliz/ Cantar as mágoas que lhe enche o peito?"
E concluindo: "É o apelo que aqui lhe dirigimos,/ Na certeza do seu acolhimento/ Juntada desta aos autos pedimos/ E pedimos, enfim, deferimento."
Consta que o Magistrado teria dado o seguinte despacho: "Para que eu não carregue/ Muito remorço no coração,/ Determino que seja entregue,/ Ao seu dono, o malfadado violão."
São versos inteligentes, maravilhosos! Meu espaço é pequeno para transcrever Habeas Pinho na íntegra.
Deixo com o leitor a notícia desse fantástico poema, pedindo a todos que procurem lê-lo. Vale a pena.
Permita-me, o caro leitor, que ainda homenageando o grande Vate da valorosa Paraíba, transcreva esses seus versos que, ao lado de outros, guardo e cultivo com muito prazer e carinho.
"Imortal - Pode até meu amor já ter morrido.
Podes dizer que teu amor morreu.
Só não pode morrer, nem faz sentido,
aquele amor que nosso amor viveu.
O medo e a falta
Você me faz medo
Mas você me faz falta.
A diferença entre o medo e a falta
é que o medo você sabe quando tem,
e a falta você sente que não tem.
A falta, como o medo, sobressalta.
Entre o medo que você me traz
e a falta que você me faz,
você é o medo que me falta.
***
Louvando o poeta Ronaldo Cunha Lima, dou o testemunho da minha admiração e respeito pelos bons poetas, cada vez mais raros.
Requiescat in pace inspirado poeta, filho da brava Paraiba, nordestino da gema. Você continuará sendo recitado pelo Brasil afora.
Acabo de saber da morte de Ronaldo Cunha Lima, respeitado poeta paraibano, nascido na cidade de Guarabira.
Conheci-o, pessoalmente, em 1990, nos 50 anos do seminário franciscano que estudei, Ipuarana, a poucos quilômetros de Campina Grande, no alto da serra da Borborema.
Ele passou muitas horas com os ex-seminaristas recitando seus belíssimos versos e versos do seu conterrâneo Augusto dos Anjos.
Desde estão, passei a admirá-lo, colocando-o entre os meus poetas preferidos.
Como homenagear um poeta morto senão lembrando seus versos? É o que passo a fazer, agora.
Poderia começar transcrevendo Habeas Pinho, uma petição do Ronaldo ao Juiz da Comarca, em versos, pedindo a liberação de um violão, apreendido pela polícia, numa noite de seresta.
É um poema muito longo, que começa assim: "O instrumento do "crime" que se arrola/ Nesse processo de contravenção/ Não é faca, revolver ou pistola,/Simplesmente, Doutor, um violão."
E continua: "Libere o violão, Doutor Juiz,/ Em nome da Justiça e do Direito./ É crime, porventura, o infeliz/ Cantar as mágoas que lhe enche o peito?"
E concluindo: "É o apelo que aqui lhe dirigimos,/ Na certeza do seu acolhimento/ Juntada desta aos autos pedimos/ E pedimos, enfim, deferimento."
Consta que o Magistrado teria dado o seguinte despacho: "Para que eu não carregue/ Muito remorço no coração,/ Determino que seja entregue,/ Ao seu dono, o malfadado violão."
São versos inteligentes, maravilhosos! Meu espaço é pequeno para transcrever Habeas Pinho na íntegra.
Deixo com o leitor a notícia desse fantástico poema, pedindo a todos que procurem lê-lo. Vale a pena.
Permita-me, o caro leitor, que ainda homenageando o grande Vate da valorosa Paraíba, transcreva esses seus versos que, ao lado de outros, guardo e cultivo com muito prazer e carinho.
"Imortal - Pode até meu amor já ter morrido.
Podes dizer que teu amor morreu.
Só não pode morrer, nem faz sentido,
aquele amor que nosso amor viveu.
O medo e a falta
Você me faz medo
Mas você me faz falta.
A diferença entre o medo e a falta
é que o medo você sabe quando tem,
e a falta você sente que não tem.
A falta, como o medo, sobressalta.
Entre o medo que você me traz
e a falta que você me faz,
você é o medo que me falta.
***
Louvando o poeta Ronaldo Cunha Lima, dou o testemunho da minha admiração e respeito pelos bons poetas, cada vez mais raros.
Requiescat in pace inspirado poeta, filho da brava Paraiba, nordestino da gema. Você continuará sendo recitado pelo Brasil afora.