Máquina de beneficiar arroz!
Ao lado da pensão da Vovó Antônia, mãe de meu pai, Pérsio Pedroso de Moraes em Ipameri, que ficava bem em frente da Estação Ferroviária, estava a Máquina de arroz que era como nós a chamávamos, de propriedade de nosso pai. Gente! Era um movimento danado, muitos ajudantes, carroças e caminhões chegando a toda hora trazendo o arroz em casca para ser beneficiado, naturalmente durante a colheita.
Meus primos, Samuel, Rachel, Paulo e Júnia, filhos da Tia Nenzinha e Tio Sinval bem como meus irmãos, Renato e Ronaldo juntamente comigo éramos frequentadores assíduos da pensão da Vovó e rodeávamos a Máquina de arroz de propriedade do meu pai, o tempo todo quando ela estava funcionando. Não era por simples curiosidade, o galpão em que eram armazenadas as sacas de arroz já beneficiadas era enorme e as pilhas de sacas iam até o teto ficando um pequeno espaço entre o fim da pilha e o telhado. Aí que vem a melhor parte...
Era um tal de sobe e desce nas pilhas existentes, claro que nós esperávamos o papai sair do recinto mas sempre ficava algum empregado camarada que fingia não estar vendo a folia aprontada por nós, principalmente os meninos, as meninas eram mais cautelosas.
A vovó quase enlouquecia com as nossas fugas, ficava brava demais. Ela era um pouco gordinha e por isso um tanto lenta. Quem dava mais trabalho era o meu irmão Ronaldo que chamávamos carinhosamente de Rone, apelido que até hoje persiste embora haja muitos mais, como Maneco, por exemplo, que surgiu quando ele fez propaganda na TV. Tão elegante!
Bem, voltando as já famosas pilhas de sacas de arroz, o Rone era muito levado e esperto, subia e descia rapidamente parecendo um bichinho e como ele era o mais novo dos netos aqui citados a vovó tinha atenção especial nele, portando lá vinha ela pachorrenta gritando: desce menino... desce e como o Rone não obedecia e ficava pulando porque não dizer de galho em galho ela tentava subir atrás dele. Imaginem a cena: ele estava lá no alto e ela subindo, quando ia chegando perto do danadinho ele descia correndo para o chão, então ela ficava lá em cimão se preparando para criar coragem e descer. Sabe o que ocorria? Um subia, o outro descia, um descia o outro subia e a querida vovó sempre gritando furiosa.
Nem tenho palavras para descrever o quanto tivemos uma infância maravilhosa, às vezes chego a pensar que só faz parte de minha imaginação, penso que eu devo ter sonhado. Mas... não! é tudo verdade. Sempre contei para meus sobrinhos essa passagem de nossa meninice, mas o André, filho do Persinho meu irmão caçula era o que mais gostava de ouvir esta história e vivia me pedindo para repetir dizendo: conta a história do tio Ronaldo correndo da vovó, e eu com prazer atendia seu pedido.
Saudades, saudades! Ah! O Persinho, meu irmão caçula, ainda não tinha nascido, senão tenho certeza que ele seria o primeiro a fazer traquinagens e dar trabalho para nossa avó Totonha.
Goiânia, 05 de maio de 2011•.
Legenda e referência pessoal:
André – meu sobrinho;
Pérsio Pedroso de Moraes – meu pai;
Antônia Pedroso de Moraes – minha avó materna;
Ipameri – Goiás – cidade do interior do Estado;
Alice Moraes Jordão – minha tia Nenzinha irmã do meu pai;
Sinval Jordão – meu tio esposo tia Nenzinha;
Samuel, Rachel, Júnia e Paulo – meus primos;
Rone e Renato meus irmãos;
Para meditar:
“EU te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas as Tuas maravilhas”. Salmo 9 vcs 1.