Diferenças análogas
Um homem segurava a sua bolça com mais cautela porque nela estava o seu salário. Atravessou a rua, caminhou pela calçada e, próximo ao posto de combustíveis, estreitou os passos e decidiu ir até a loja de conveniência do posto. Sentou em uma das cadeiras da lanchonete e de lá observava o movimento no ponto de ônibus onde iria esperar o de seu destino. Entraram alguns homens na loja. Um deles foi até o freezer e outros dois se aproximaram. O homem ficou confuso: não poderiam ter más intenções, afinal estavam bem vestidos, eram de “boa aparência”, bem nutridos... Não poderiam... Antes de se convencer do que iniciara a pensar um deles segurou os seus braços e o outro lhe puxou a bolça. Segurou-a o quanto pode, porém um movimento de um deles pondo a mão na cintura afrouxou sua firmeza. Saíram rápido enquanto a atônita vítima tentava por as emoções em ordem.
Um homem segurava a sua bolça com mais cautela porque nela estava o seu salário. Também constavam faturas, cartas de cobrança e contas dos serviços públicos. Seus pensamentos eram puros exercícios matemáticos; suas emoções questionamentos de suas decisões de compra que resultaram nos montantes que hesitava em somar. Pequenos atrasos geraram juros altíssimos. Sabia que era “regra do jogo”, mas, à parte o teor de justiça que os juros trazem ele sabia que pagava muito além do que seria justo. Praticamente não havia a quem apelar. Mais adiamentos resultariam em mais juros. Além disso, havia altos impostos nos produtos que adquirira e que cuja saldável cidadania justificaria não fosse tão furiosamente estabelecido pelas autoridades.
O primeiro caso não é (e não o será) sistematizado porque seria um concorrente perigoso para os personagens do segundo.
Esta é uma estória de ficção, felizmente longe de nossa realidade. Qualquer semelhança com os fatos do dia a dia brasileiro terá sido mera coincidência.