Carta ao meu futuro grande amor.
Manifesto aqui o meu manual de instruções ao meu futuro grande amor. Os anteriores erraram bastante e vou calmamente - tento pelo menos neste início - fornecer um roteiro turístico por meus desejos, vontades e adjacências. Ah! Terá um espaço para aquilo que não precisa acontecer ou, por bem dizer, um grande espaço, se não o maior, reunindo as coisas graves e dispensáveis para um relacionamento saudável e feliz comigo. Pretensioso?! Não. Cansado o suficiente de lançar algumas pistas vagas e jogar à sorte a tarefa de saciar minha felicidade. Estou nesse ramo desde a adolescência e bem farto de erros.
Primeiro de tudo: venha com atitude. Pois, indecisão, vacilo, falta de vontade e qualquer coisa parecida não terá vez mais comigo. O decreto foi assinado hoje e já em voga! Até para os adolescentes isso não é mais tão cabível. Meu tempo é precioso e minha paciência, mais ainda. Exclua do seu vocabulário, meu futuro grande amor, palavras e expressões que envolvam “talvez”, “não sei”, “a gente pode ver isso”, “não sei o que somos”, e, a mais dispensável de todas, “precisamos de um tempo”, esta última bem pode desencadear uma terceira guerra mundial, tamanho gato escaldado que me tornei. Ou teriam me tornado?! Entretanto, “tolero” certo mistério... Mas, sem exagero, hein! Falo daquele tempero da sedução, do início que a gente reconhece do filme preferido, aquele romântico que negamos gostar tanto aos amigos cinéfilos de plantão. O coração precisa mesmo dessas carícias. Mas, não se acostume mal. Não sou ingênuo! Estou olhando, hein!
Não posso deixar de falar do pré-requisito fundamental: sinceridade. Longe de querer descobrir a encarnação da bondade suprema, ser humano perfeito desta existência carnal - quem sabe o próprio Ghandi com pitadas de Buda - mas, gostaria que a velha, boa e meio fora de moda “verdade” me fosse dita sempre que possível. É um exercício, sei disso. Todavia, ser o último de uma fila bem grande - quantas pessoas... A humanidade inteira? - a ficar sabendo de um fato é algo bem desagradável. Isso piora quando esse algo diz respeito ao relacionamento do qual se faz parte e - olha só! - seus sentimentos. Então, futuro grande amor, deixe de lado seus talentos cênicos, olhe nos meus olhos e solte a bomba seja ela qual for. É dispensável fatos do dia-a-dia, aquelas coisas pertinentes a ex’s e meus poucos defeitos - ai de quem me fale o contrário e isso conta pontos preciosos - Deixo passar essas “mentiras brancas”. E não fique mal acostumado.
Não menos importante, friso o dever de me prestar toda a atenção - ou seria melhor dizer devoção?! - as minhas necessidades, àqueles momentos em que mereço ser olhado com muito foco a ponto de adivinhe o que preciso antes mesmo que eu assim o descubra. Penso que isso faz todo o sentido, ora! Tenho direito de ser o centro do sistema solar, digo do universo em relação ao meu amor, que - olha o privilégio dele - vai girar ao meu redor 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano! Eu sou super a favor disso! Tá bom... E para não dizerem que sou um pouquinho egoísta, deixo algo do tipo... “Hora do recreio”, em que meu amor poderá cuidar um pouco de si. Mas, se arrume bem para mim e não demore. Sinto saudades em pouco tempo, embora negue mesmo sob tortura.
Sendo assim, agindo assim, você, meu futuro grande amor, terá acesso irrestrito e ilimitado aos meus sonhos, a uma alquimia de sentimentalidades, a minha maturidade, ao meu bom senso e - o melhor de tudo - ao meu coração. E sabe o porquê de tanto critério nessa seleção para a vaga aberta?! A resposta é simples, caríssimo! Doeu-me muito amar nas oportunidades anteriores. E quero acertar. A vida, aqui no meu coração, está arrumada. Culpa dos anteriores. Mas, de certo modo, os agradeça, pois eles deram essa oportunidade e me prepararam para você. Venha logo. Já tive ansiedade. Hoje, tenho vontade de ser feliz. Estou no ponto! A ponto de fazer-lhe feliz. Venha fazer parte disso. Tenho dito.