Próximas eleições

Um dia normal de trabalho, desses que a gente nem percebe que faz a diferença. Você simplesmente sai de casa para garantir o seu sustento e o da sua família. Para a maioria das pessoas, o trabalho é uma troca de moeda imposta pelo capitalismo, você só consegue sobreviver se trocar sua força de trabalho por dinheiro. Quem trabalha por prazer e faz o que gosta, é realmente é um privilegiado na sociedade.

Assim, no meu atendimento as pessoas, surgi uma senhora de vestes simples. Cumprimento-a com o meu rotineiro "boa tarde, está tudo bem com a senhora?". Ela, cabisbaixa, me responde " Não, mas estou querendo que fique". Engulo um seco e logo pergunto:" Em que posso ajudá-lá?". A resposta é um pedido de ajuda porque ela não tinha dinheiro para pagar a passagem do ônibus e o marido precisava ir em um posto de atendimento para tentar uma vaga de emprego. Oriento-a a procurar a prefeitura, a assistência social, e ela me diz que estava vindo de lá, que eles disseram não ter como ajudá-lá. Aí, me envergonhei de ser uma funcionária pública. Se os órgãos públicos não podem ajudar o cidadão a ter o mínimo de dignidade, quem então o fará?

Infelizmente, respondo a senhora que também não tinha dinheiro para contribuir. Estávamos no fim do mês e o pagamento sairia somente na próxima semana. As moedas estavam contadas.

A senhora sai triste, imagino que até humilhada, pois pedir dinheiro à estranhos mediante uma necessidade não é nada fácil para quem tem caráter, moralidade e respeito próprio.

Fiquei pensando mais quantas pessoas existiriam na cidade nesta situação e que simplesmente recebem um não de quem de fato deveria ajudar: o poder público.

Paralelo a este pensamento, pego o jornal e leio a notícia que vislumbra um cenário político para a cidade após as disputas eleitorais...as manchetes também falam dos escândalos políticos que cortam o país de norte a sul...e o cidadão simples, alienado a tudo isso, a que cenário o caberá nas próximas eleições?