Vida doméstica.
Certa vez, já bem tarde da noite, cansada de mais um longo dia de tantas tarefas com a casa, as crianças e o consultório, a sensação de grande peso com vida cotidiana, resolvi sentar-me frente à televisão e “zapear” pelas centenas de canais que a televisão paga proporciona e que eu nunca assisto.
Foi então que um programa de Reality Show me chamou atenção. A proposta era mostrar como se vivia em 1900 na Inglaterra, seus costumes, vestimentas e principalmente como se dava o cotidiano doméstico.
A rede televisiva contratou uma família voluntária para passar um mês vivendo numa casa adaptada aos moldes das moradias de 1900, usando as roupas e objetos disponíveis na época.
Durante o programa as pessoas relatavam as imensas dificuldades de adaptação com aquele estilo de vida, o quão árduo eram as tarefas domésticas e que não tinham nada de romântico ou glamouroso, como às vezes vemos nos filmes de época.
Mostrava o quanto demorava fazer uma refeição, já que não existia fogão a gás ou microondas, além da inexistência de alimentos semi-prontos como temos hoje, das verduras já colhidas, lavadas e embaladas que compramos nos supermercados, ou porcos e galinhas limpinhos para o cozimento. As casas tinham suas pequenas hortas e galinheiros e a mãe era quem cuidava do preparo das refeições. (Nesse aspecto da mãe achei que evoluímos pouco...).
A maioria das casas utilizava lampiões e velas para iluminação, as dificuldades com a higiene pessoal e dos ambientes eram imensas. Usavam-se roupas pouco confortáveis, que limitavam os movimentos e sem máquina de lavar, demorava-se muito para lavar e secar.
Recordo-me que ao final do programa minha canseira havia sumido e levantei-me feliz por ter nascido num mundo pós-revolução industrial, com luz elétrica e tudo mais que a modernidade tem nos proporcionado para o conforto doméstico.
Naquele dia tomei banho super feliz, quase beijei o forno de microondas ao aquecer a água em 50 segundos para preparar um chá já empacotado e pronto para me satisfazer. Meus filhos já dormiam e olhei com admiração as fraldas descartáveis que estavam sobre o trocador (que pessoa genial o criador das fraldas e absorventes descartáveis!).
Coloquei um pijama de algodão macio e apaguei a luz com um simples toque e pensei:
“A vida moderna tem sua vantagens! Que vida boa eu tenho!”.
Amém!
Susana Bueno de Souza