Tanto barulho por nada.
Tudo está muito, mas muito chato.
As pessoas, os lugares, as vozes, as tosses, os chopes, beijos, amores, jeitos.
Quase numa comprovação lacaniana, me enjôo facilmente de tudo e procuro me satisfazer no impossível.
Eu adoro o impossível, o improvável, a imbecilidade que rodeia as pessoas e anestesia tudo. De repente, todos acreditam, se aceitam, se amam.
Não tem nada disso, na verdade. É sempre, sempre um movimento de fazer você seguir tudo o que esperam que você siga. E esse tudo, sem maiores explicações, são sempre linhas retas, paralelas, sem muitas surpresas.
Vidas mornas essas. A sua, a dela, a minha. Puro vômito.
Me encho de tudo isso com freqüência. Para ver se transbordo de vez, me encho ainda mais com barras de chocolate, frituras e muito álcool. Um dia vou pagar o preço, já sei. Mas quem não vai? Enquanto isso, tento me distrair de toda essa chatice.
Tudo tão previsível, que claustrofóbico.
Namora, noiva e casa.
Dia, tarde e noite.
Nasce, vive, morre.
Cinema, chope, fode.
Pouco, médio, muito.
Tudo assim mesmo. Sem muitas opções. Sem muitas saídas. Para quem se conforme, para quem se encaixe, um prato cheio. Mães orgulhosas, maridos gentis, avós satisfeitos. Para os que não se enquadram, um vazio congelante. E olhares repreensivos, expectativas das mais altas e a busca eterna pelo que não se sabe.
Quanta porcaria.