Caminhando
As folhas das tílias amontoavam pelo chão. Ventava fraco, na praça grande e arborizada, um vento refrescante, mas não frio.
O velho banco, ainda bem conservado, servia de assento para o homem de meia idade, boa aparência, jeans, camiseta azul e um moletom como agasalho. Seus olhos pareciam procurar alguma coisa, sabe-se lá o quê.
Mães com seus pirralhos brincavam aproveitando a tranquilidade do lugar. Muitas conheciam de vista o homem, que tinha o hábito de passar algum tempo sentado no mesmo lugar onde agora se encontrava. Um “bom-dia” era sempre trocado. Só isto, mais nada.
“Ora, ela não tão longe. Tenho o seu endereço, posso tentar um encontro. O máximo que posso levar é um não. Vou lá.” Era o que pensava diariamente. Jamais colocou a ideia em prática.
Tem fatos que ocorrem inevitavelmente. Como este, uma paixão inicial de ambos os lados, paixão perdida, seu rosto, seus cabelos, seu modo franco de falar... E o corpo? Perfeito, sem exageros. O problema era a idade. Poderia ser sua filha, era vinte e três anos mais jovem do que o homem sentado, pensando.
- Du, quero um filho seu.
- E eu de você.
- Mas tenho medo de não o ver um homem, ou mulher, ninguém sabe antes.
- Tanto faz. Não me importo com isso. Sei o que pensa. Vai morrer antes de mim, não verá o filho casar. Ou cursar uma faculdade. Já pensei nisto, eu cuido dele. Afinal, tenho bons clientes, e nós dois temos bom dinheiro.
- Mas eu quero participar de tudo!
- Sei, sei. Mas será que isto vai impedir que o nosso relacionamento termine? Não nos bastamos? Há muitos casamentos sem filhos.
O diálogo, quase sempre, era esse. Ela partiu, por causa da indecisão. Queria um companheiro, um amante, um amigo. Dava notícias, às vezes. Culpava-o da omissão que havia estragado a vida dos dois. Mas era visível seu amor pelo antigo companheiro.
Determinado dia, a correspondência cessou. Logo após Du ter comunicado que era mãe, o filho tinha o nome dele. Casada e distante.
Tremeu quando soube que havia sido assassinada por um amante, por ciúmes do marido.
O homem da praça continua, até hoje, caminhando em busca do amor que não se realizou, o pior de todos eles.
As folhas das tílias amontoavam pelo chão. Ventava fraco, na praça grande e arborizada, um vento refrescante, mas não frio.
O velho banco, ainda bem conservado, servia de assento para o homem de meia idade, boa aparência, jeans, camiseta azul e um moletom como agasalho. Seus olhos pareciam procurar alguma coisa, sabe-se lá o quê.
Mães com seus pirralhos brincavam aproveitando a tranquilidade do lugar. Muitas conheciam de vista o homem, que tinha o hábito de passar algum tempo sentado no mesmo lugar onde agora se encontrava. Um “bom-dia” era sempre trocado. Só isto, mais nada.
“Ora, ela não tão longe. Tenho o seu endereço, posso tentar um encontro. O máximo que posso levar é um não. Vou lá.” Era o que pensava diariamente. Jamais colocou a ideia em prática.
Tem fatos que ocorrem inevitavelmente. Como este, uma paixão inicial de ambos os lados, paixão perdida, seu rosto, seus cabelos, seu modo franco de falar... E o corpo? Perfeito, sem exageros. O problema era a idade. Poderia ser sua filha, era vinte e três anos mais jovem do que o homem sentado, pensando.
- Du, quero um filho seu.
- E eu de você.
- Mas tenho medo de não o ver um homem, ou mulher, ninguém sabe antes.
- Tanto faz. Não me importo com isso. Sei o que pensa. Vai morrer antes de mim, não verá o filho casar. Ou cursar uma faculdade. Já pensei nisto, eu cuido dele. Afinal, tenho bons clientes, e nós dois temos bom dinheiro.
- Mas eu quero participar de tudo!
- Sei, sei. Mas será que isto vai impedir que o nosso relacionamento termine? Não nos bastamos? Há muitos casamentos sem filhos.
O diálogo, quase sempre, era esse. Ela partiu, por causa da indecisão. Queria um companheiro, um amante, um amigo. Dava notícias, às vezes. Culpava-o da omissão que havia estragado a vida dos dois. Mas era visível seu amor pelo antigo companheiro.
Determinado dia, a correspondência cessou. Logo após Du ter comunicado que era mãe, o filho tinha o nome dele. Casada e distante.
Tremeu quando soube que havia sido assassinada por um amante, por ciúmes do marido.
O homem da praça continua, até hoje, caminhando em busca do amor que não se realizou, o pior de todos eles.