A baixada do sapo!
Relembrando! Quando o vovô Amazilio chegou a Goiás vindo de Carolina – Ma e depois de passar por Roncador- Goiás, na linha da estrada de ferro Goiás, onde faleceu sua esposa Inácia e sua filha recém-nascida, o vovô veio para a cidade de Anápolis-Goiás com seu pai nosso bisavô Cap. Antônio e os cinco filhos pequenos que ficaram órfãos de mãe. Mas... Que benção! Jesus mandou a nossa querida vovó Suzana, segunda esposa do vovô, verdadeiro presente dos céus.
Deus sempre guiou seus passos bem como os do seu querido pai e amantíssimo avô da Tia Luizinha, Tia Cotinha, Tia Mundica, Tio Pedro e Paulina minha mãe. Hoje vemos que foi um milagre a sua chegada a Anápolis, ali com seus amigos e irmãos em Cristo a seu lado, meu avô se estabeleceu. Este relato é resumido por que quero mudar o rumo dessa prosa para falar da casa da chácara, para onde mudaram após residirem na Rua 7 de Setembro no centro da cidade de Anápolis-Goiás. O local era carinhosamente denominado de baixada do sapo, ficava retirada do centro e um riacho atravessava o terreno, tão bonito, tão romântico, tão raso, mas as águas corriam alegres, com aquele barulhinho característico como musica em nossos ouvidos. Nós, os netos já grandinhos, gostávamos de brincar em suas margens que se estendiam até o fim do terreno.
A noite ele ficava mais lindo, pois o luar ia clareando seus movimentos, as folhas das plantas que margeavam o riacho dançavam ao som do vento e das águas que iam caindo ás vezes como uma pequena cachoeira, tal a irregularidade de seu leito. Fazia um frio danado á noite e principalmente nas madrugadas. Lembro-me que quando nós vínhamos passar as férias na casa do vovô Amazilio e da querida vovó Susana. A gente morava em Ipameri- Goiás, meus irmãos, Renato, Rone e eu estranhávamos bastante o frio. Ipameri era bem mais quente.
Quando acordávamos, após uma noite deliciosa, o nosso sono era tranquilo e era também muito gostoso dormir ao som dos grilos, animais que rondavam a casa e demais barulhos tão apreciados por nós. Os nossos tios e tias que praticamente eram da nossa idade, Hilquias,Erasmo, Suzete, Getulino e Suzi ficavam em volta do fogão de lenha, quentando o fogo como se dizia. Os tios mais velhos que já eram moços tinham seus afazeres. Para nós era tudo novidade, era tão bom juntarmos a eles e esperar o pão quentinho e o chá delicioso. A tia Cotinha brigava com a gente quase todo dia, por que era muito gostoso molhar o pão na xícara de chá ou de café. Ela dizia: Não façam assim, é muito feio, crianças educadas é muito bonito de se ver....A gente ria, mas sabe! Valeu a pena, somos todos muito educados e nossos filhos também.
Quando comecei a falar da baixada do sapo minha intenção era outra, divaguei um pouco. Queria realmente contar a visita que meu pai, Pérsio, já noivo da mamãe, fez na referida baixada. Ele pelo que me consta era muito vaidoso, elegante e muito bonitão. Imaginem como deve ter caprichado para fazer ótima figura. Segundo narrativa da mamãe, que, diga-se de passagem, devia estar nervosa com a visita, pois até chegar à casa da chácara era preciso fazer uma verdadeira via sacra, contornando o barro mais mole, passando em pinguelas improvisadas e subidas e descidas íngremes.
Nunca me esqueci de como o nosso bisavô Cap. Antônio, que ajudou a criar as meninas mais velhas da grande prole da família, dizer, segundo relato da mamãe, se referindo ao papai: você é muito grande, após pegar em sua mão e imaginando o restante da figura, e era mesmo. O querido avô da mamãe já estava cego. Não o conheci, mas é como se sempre o tivesse ao meu lado, por tantos relatos carinhosos e amorosos da mamãe e dos demais membros da família. Como é bom terem plantado em nossas mentes e corações coisas que viveram e que parece ter sido um verdadeiro sonho.
Bem, após a visita e dos rapapés que certamente houve, chegou o momento do papai voltar ao hotel. Sabe o que aconteceu? O que mamãe mais temia, ela e todo mundo, numa das pinguelas o meu lindo e elegante pai escorregou e caiu na lama, sujando o terno impecavelmente branco, que situação.... Mas, eta paixão... Tudo em nome de um grande amor...
Ouvi esta linda história, milhões de vezes e hoje ao escrevê-la a emoção é a mesma de quando, bem pequena, com os meus olhos grandes mais arregalados ainda, dizia: conta mãe! Conta mãe! Aquela história do tombo do papai. Saudades.... Obrigado Jesus pela convivência na chácara da família, onde, foi plantado em terra fértil pelos pais e avós queridos, Amazilio e Suzana, o amor que hoje perdura entre nós, principalmente o valor e respeito á palavra de Deus. Tenho certeza que nenhum de nós, membros dessa família, jamais esqueceremos o legado deixado por eles, nossos inesquecíveis alicerces, cuja construção foi feita na rocha que é Cristo Jesus. Minha homenagem também aos Tios Daniel, Ruth, Amazias e aos saudosos, Tios Jales, Cilas e David.
“Porque mui grande é a sua misericórdia para conosco, e a fidelidade do Senhor subsiste para sempre”. Salmo 117.2
Goiânia, 23 de maio de 11 Sônia.
Legenda e referências pessoais:
Vovô Amazílio – Amazílio Lino de Souza – Meu avô materno;
Vovó Suzana – Suzana Braga de Souza -Minha avó materna;
Capitão Antonio – meu bisavô materno;
Tia Cotinha- Maria de Souza Valente, irmã da mamãe;
Tia Mundica – Raimunda de Souza Duarte, irmã da mamãe;
Tia Luizinha- Luiza de Souza Santos- irmã da mamãe;
Tio Pedro – Pedro Afonso de Souza – irmão da mamãe;
Tios, Daniel, Ruth, Amazias, Hilquias, Erasmo, Getulino, Suzete e Suzi, irmãos da mamãe;
Tio David, Cilas e Jales, irmãos da mamãe;
Rone e Renato- meus irmãos Renato e Ronaldo Pedroso de Moraes;
Meus pais, Pérsio Pedroso de Moraes e Paulina de Souza Moraes;
Carolina – Ma;
Anápolis- Goiás;
Ipameri- Goiás;
Roncador- Goiás;
Hoje, a baixada do sapo, é oficialmente Av . Amazilio Lino de Souza, em homenagem ao nosso avô.