Guiar na penumbra
Um grego, à luz de uma lanterna procurou um homem honesto, há 2500 anos e não o encontrou, foi diligente em sua busca, ainda que soubesse da escassez do que buscava.
O mundo contemporâneo é dotado de muito mais recursos, as lanternas são mais eficazes e os holofotes proporcionam mais claridade, mas a evolução da tecnologia acompanhou o crescimento dos corruptos, afinal hoje existem muito mais usinas geradoras de meliantes; com ou sem colarinho; independente da localização geográfica, ou seja: em planaltos ou vales.
O dono de um Uno 1000, e o 1000 não era o indicativo da capacidade do motor, e sim do ano da fabricação do veículo, teve a lanterna dianteira do seu carro quebrada, por um outro carro dirigido, de forma imprudente, por um rapaz, que não olhava para trás ao dar marcha-ré.
O Uno 1000 era uma transição da Idade da Pedra para a civilização, a roda até recentemente era desconhecida, assim como até recentemente o freio era a âncora. O dono do carro nunca reconheceu, mas a lâmpada daquela lanterna quebrada no incidente, com certeza era de carbureto. Num cálculo rápido, tomando-se por parâmetro a precariedade dos bens abalroados chegou-se a um prejuízo de pequena monta....nos cálculos feitos
Na prática os valores foram superiores aos calculados anteriormente; a lâmpada só foi encontrada em Antiquários conceituados, e não tão bem conceituados eram os donos dos Antiquários, que afirmavam ser a lanterna um bem raro, o que fazia subir, vertiginosamente o preço do achado; houve inescrupulosos que teriam afirmado que a lanterna em pauta teria vindo diretamente de sítios arqueológicos... mentira, deslavada mentira.
Aviltante foi o dono de uma diligência-peças, digo, auto-peças, ter pedido o carro e mais algum valor em troca da famigerada lanterna. A clarividência nos ensina que a claridade não pode ser buscada além de nossos limites; e o nosso grego contemporâneo deixou de procurar uma lanterna HONESTA e, carinhosamente, quando passa dirigindo seu Uno 1000, é chamado de Diógenes, o Caolho.