A Fuga da Dor
Ele vivia preso, em seu quarto, aonde recebia regularmente visitas de um homem alegre, mas cada vez que ele recebia visita, ele parecia mais triste, e o homem, mais alegre. Ele queria chorar, mas aquele veneno das lagrimas não saia dele...
Até que um dia, logo apos a visita do homem alegre, ele saiu do quarto, quase que derrubando a porta, e se assustou com tanta luz que o cegou momentaneamente, e o efeito ia se passando, e a imagem de um jardim grande foi ficando cada vez mais nítida, e distante havia uma casa, uma enorme casa, pra onde ele correu. Tinha que ir pra algum lugar, e ele escolheu a casa...
Chegou na casa, e se assustou com o tamanho dela. Ele nunca sentiu tanta dor como naquele momento, saiu quase que gemendo, e escutou um grito "ele fugiu!". Ele não sabia o que significava, mas se assustou já que ninguém nunca tinha gritado perto dele, e saiu andando pela casa, até a hora que ele ouviu outro grito, só que desta vez mais próximo "me de isso aqui, eu mato ele". Ouvindo isso, ele parou, "eu mato" ele pensou, ele sabia o que era aquilo. Era a fuga da sua dor.
Olhando ao seu redor, ele percebeu uma silhueta em canto escuro. Chegou mais perto e as formas do rosto de um homem começaram a se formar. Demorou para reconhecê-lo, mas quando o fez ficou apavorado! Tentou correr, mas o homem agarrou seu braço apontou uma arma em sua direção e disse alguma coisa que o homenzinho triste não conseguiu entender. Logo depois veio um grito dizendo "vou ter que matar o meu filho". Por um momento ele ficou sem reação, mas pensou “isso mata! Pode me matar”. E assim, ele pegou a arma na mão do homem e mirou em seu próprio peito, puxou o gatilho. Ele não sentiu dor, não sentiu nada... Do ferimento que a bala fez em teu corpo, saia fios e mais fios e fumaça, e o cheiro de pólvora flutuava no ar, junto com os pequenos choques entre os fios.
Instantes depois, o homem alegre perdia sua alegria e dava gritos ensurdecedores de dor, se contorcia ao chão. O homem triste pensou que ia sentir dó dele, só que ele sentia cada vez menos seu corpo e sua mente. Enquanto o homem gritava cada vez mais, ele olhou para os fios e as fumaças e chegou a uma conclusão: ele não era humano. "sou criação deste homem” pensou ele, “por isso eu não choro” e percebeu que era uma maquina. Ele deu um ultimo suspiro, e em meio aos gritos do homem pensou, "como alguém pode criar algo para tomar as dores dele?", e ao ouvir do ultimo grito, ele caiu...