Ponto de vista
(mudou apenas as carroças e cavalos por carros e motos)
Foguetes e sinos dobram-se para começar a festa!
O barulho ensurdecedor fez um cachorro sair correndo e ser atropelado, mas não dá nada, é festa dos humanos.
Todos chegando para o evento, lá vêm um santo em cima da camionete, logo atrás vem o carro da RU, seguido da procissão, onde os carros não participantes são parados, para que eles passem.
Chegou o prefeito!!!
Uns o chamam de Fetter Pan, outros de prefeito, mas, em ano de eleição, o aperto de mão, cochichos nos ouvidos, acompanhados de risadinhas cínicas, com tapinhas nas costas, fazendo propaganda de seu dentista, pelo belo sorriso, cumprimenta a todos.
A guarda municipal, enfileirando suas motos robustas e lustrosas; Curioso, eles mesmos fotografam-se!
Igreja SANTA que faz tudo para os pobres;
- E os pobres? Não convidaram?
Velhas com o rosto rebocado com blush e perfume de parque vão chegando, médicos, advogados, senhoras e senhores “de bem”, vão entrando para os pecados da semana serem lavados pela estatua da parede.
Igreja SANTA que faz tudo para os pobres;
-E os pobres? Não convidaram?
O padre-mor chega com túnica alva, reluzente, para dar as ultimas ordens de como entrar com o boneco de gesso, que espera para ser carregado por quatro fieis liteireiros.
Igreja SANTA que faz tudo para os pobres;
- E os pobres? – Não convidaram?
- Não! Estão sujos, fedidos, mal arrumados; Como poderiam entrar? Sentá-los onde? Do lado do prefeito? Que heresia!
-Mas não é para festejá-los?
- Como virão ao evento, se estão do lado de fora cuidando nossos carros?! Depois damos trinta moedas de prata e fica tudo bem, até ano que vem.