Dúvidas e divagações
Lendo alguns autores sobre a posição das mulheres com relação ao amor, descobri que a visão masculina é diferente da feminina. Clarice Lispector é totalmente individualista vendo o sentimento por outra pessoa num plano secundário, sendo o autorrespeito e o amor próprio prioridade para ela. Martha Medeiros é cética e ambígua, Cora Coralina também segue esta linha, mais reflexiva onde todo o processo dependeria de um dar e receber recíproco, com trocas igualitárias, onde a instituição “relacionamento” é uma parceria. Os autores do sexo masculino tendem a romantizar a mulher. Caio Fernando Abreu na linha da autoajuda como todos os outros idealiza a mulher sempre deixando claro o lado bom das perdas, deixando entrever que sempre haverá uma luz no fim do túnel, uma janela, quando se fecha uma porta. Todavia suas frases refletem angustiante solidão. Mário Quintana é básico, acredita no amor simples, sem complicações, ingênuo e sem paixões e extremismos. O amor maduro que nasce da amizade e do companheirismo. Arnaldo Jabour canta as mulheres como seres descomplicados, complementares de seus pares, sem idolatria do ego masculino e denunciando os estereótipos de beleza artificial que nada tem a ver com amor e sim com narcisismo. Nessa linha também encontramos textos de Dráuzio Varela, pois o amor e o sexo fazem parte da vida e ele considera que são elementos importantes para a saúde que as pessoas desenvolvam relações afetivas saudáveis. Então para eles nós somos pessoas especiais, dotadas de energia, beleza, singularidades, que fazem com que alimentem emoções relacionadas com admiração. Todavia onde está no homem comum, o pensamento que encontramos nas prosas, poesias e canções sobre nós mulheres? Seria mais correto admitir que o homem ama condicionalmente e a mulher incondicionalmente como quer se fazer entender Joel Nunes de Souza em sua obra “O Homem e A Mulher”?
Segundo minhas observações os homens são basicamente conquistadores, mas há aqueles que conquistam e esquecem suas mulheres como troféus em prateleiras empoeiradas, há aqueles que gostam de exibir suas conquistas e ainda há os que gostam de admirar suas conquistas e cuidam delas com carinho. Estes últimos serão os melhores que poderemos querer?
Não mesmo, eu gostaria de um companheiro que me admirasse, me observasse o suficiente para me conhecer e interagir comigo. Que fosse carinhoso. Sabe o que é pior? Ele existe, já cruzou meu caminho, mas não tenho acesso ao seu cotidiano. Nos perdemos. Pela singularidade de suas atividades, estamos “fora de sintonia”. O que mais incomoda é esta falta de interação, de formas de aprofundar nosso relacionamento. Todavia de loba para loba o que importa é cada um no seu ritmo. Então que seja: em algum momento o que está destinado acabará acontecendo.