BELÍCIA – A Garota Luz!
 


     O ônibus, apesar de todos os contratempos, é um de meus transportes prediletos. É nele que vou para o trabalho e faço viagens rápidas ao centro. Quantas histórias ouvimos durante o percurso! Quantas figuras interessantes entram e saem! Ontem, quando ia trabalhar presenciei algo que me chamou atenção. Uma jovem, linda, ao entrar no ônibus cumprimentou, alegremente, o motorista. E fez todo o percurso, até sentar-se na última cadeira, cumprimentando todos que estavam no coletivo.
 
     Sua alegria era contagiante. Não resisti, fui até lá, pedi para fotografá-la e expliquei que gostava de escrever e, tentaria, mais tarde, registrar a cena presenciada. Falei de minha alegria em perceber que ainda há pessoas educadas, felizes e capazes de gestos tão agradáveis quanto o seu. Ela sorriu, seus amigos aplaudiram e se permitiu fotografar.
 
     Atitudes como a dela deveriam ser a prática, entretanto, sabemos que é a exceção. As pessoas, sempre apressadas, estão ocupadas demais para olhar o outro, dedicar um pouco de seu tempo a gentileza. Aquela garota parecia uma caixa de lápis de cor, deixando um rastro colorido por onde passava.
 
          Seu sorriso ia pintando um tapete colorido e deixando marcas de alegria em todos que ali se encontravam. Ninguém ficou imune a sua passagem. Um misto de surpresa e prazer se desenhava no olhar de cada de nós. Sua alegria estava estampada na voz, no olhar, no jeito elegante e simples de caminhar.

           Bendita Belicia, que bem poderia ser belíssima, que iluminou minha manhã de sexta-feira!

         Mais tarde, quando voltava do almoço, o de praxe, pedimos parada em um ponto e o motorista parou no anterior, uma apressadinha no passo e vamos lá. Na parada seguinte um senhor pediu parada. O motorista, desta vez, para bem na frente. Com alguma dificuldade o idoso tenta correr até o ônibus, quando se aproxima o motorista simplesmente fecha a porta e vai embora. Um flagrante de desrespeito.

        Pensei em Belícia, em sua luz, sua energia positiva e me perguntei: por que não agimos sempre assim? Por que estamos nos perdendo de nós mesmos e nos distanciando do outro? Por que temos tanto medo do outro?  É minha doce menina, que sua atitude possa multiplicar-se e dar exemplo  de como ainda é possível ser feliz, apesar de tudo e todos.

        Obrigada pelo exercício de cidadania e civilidade que você nos deu. 








Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 30/06/2012
Reeditado em 30/06/2012
Código do texto: T3752887
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