Recebi por e-mail entre outros assuntos, a confirmação da pessoa remetente, que, em sua vida existem coisas incontáveis e insolúveis. Imediatamente lembrei-me de um trecho de Sarah Westphal assim: “De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.”
E pensei compassiva... Assim está a alma e o coração dessa pessoa: cercado e tolhido. Ela nega, mas é evidente.
Lembrei também de mim, porque sempre me coloco em segundo lugar, (no primeiro está meu Criador) e de como fui ensinada por meus pais e família, a buscar a transparência. E como se busca a transparência? Ela não é perigosa ou prejudicial? Às vezes me questionam e esta pergunta é assunto para conversa de várias horas... O relógio vai andando com seus ponteiros que nunca saem do mostrador e o assunto vai rolando...
Mas vamos por partes “economizar alma”: é muito mais que isto, porque substituo o “economizar” por adoecer. “Nada há de oculto que não seja revelado”. Então, se o “incontável” mais cedo ou mais tarde vai surgir do alqueire; se guardar é alimentar corpo e espírito com restos podres; é destruir-se dia a dia, para quê guardar incontáveis?
-Ah... Respondeu-me a pessoa: mas é preciso coragem para não ferir (ela já feriu e nem pensou em coragem).
Claro! É preciso coragem para viver e vivemos; uns quase vivem, outros, quase morrem e outros quase quase. . E tudo isto por falta de coragem para arrancar pela raiz o tumor do incontável e sair em busca da solução para o insolúvel. Bem verdade que este segundo não cabe apenas a nós; precisamos de sabedoria, de interiorização, reflexão, de amigos, do Criador, de ajuda. Há insolúveis mesmo, até porque os insolúveis nos ajudam a quitar parte do nosso karma; a pagar uma promissória do “último ceitil” – porque outras virão- Enfim, é por estas razões que a sabedoria milenar diz que “o que não tem solução, solucionado está” e que a Oração do Amanhecer roga ao Pai para que tenhamos "sabedoria para aceitar o que não podemos mudar."
Agora, incontáveis é outra estória; sim, estória com E.
É inglória, punitiva e exarcebada a “iniciativa” de tentar esquecer, derreter ferro e jogar no dito cujo para que se transforme em estátua ou passar uma “mão de cal” como se faz em tampas da laje de uma sepultura, ou mesmo "fazer ouvidos moucos" para si e para o outro, porque o incontável pode sair do lugar, pode ser quebrado, esfarinhado, e sua poeira levada por todos os cantos. Alguém pode tropeçar em um pedaço e encontrar a ponta do cordão do labirinto. Pronto, o incontável está exposto como uma pintura em museu.A vida torna-se uma rede mal acabada, assimétrica, desfiada, cheia de buracos, fraca, cujo remendos não resolveriam. É preciso recriá-la, obter uma rede nova para ser proveitosa a pesca,
Portanto, o incontável é uma vespa presa no cabelo, uma pedra no sapato, um frieira de pé; um cancer recidivo. Tudo isto pode ser extirpado, arrancado, cauterizado, chutado, desde que tenhamos coragem de, pelo menos, não classificar o caso, o assunto, o erro, a ação, o que tenha sido de INCONTÁVEL.
E assumir.
Nada há em minha vida de incontável. Talvez por esta razão, não tenha nódulos espirituais e físicos que me perturbam e a medicina não encontra o que seja. Alimentar nossa bendita emoção com lacres, chaves e segredos de cofre é no mínimo burrice.
Querida pessoa: o Pai Supremo e amoroso é justo e está atento. O que nos pareça excesso de sofrimento, logo mais, como tempestade de verão, se acalmará, permitindo-nos ver o céu claro das bênçãos celestes. A culpa tem duas vertentes> arrependimento que leva à reflexão e nos faz evoluir. A outra é o remorso que também leva a refletir e considerar uma superação que não acontece, porque este, apenas faz a ação pretérita parecer oculta. E ele sempre retorna.
Conte, e verá como ser mais solto, terá a fisionomia mais serena, a vida mais contente, a alma mais doce, o espírito mais evoluído, a consciência mais leve. Mas... Se quiser nada disso fazer, continue com o incontável e não pense que se livrará dele “depois que morrer” porque você jamais morrerá.