PROTEGIDOS PELA TECNOLOGIA
Enquanto ela achava que pagava mico, eu chorava, lembrando da minha turma de colégio.
Abre parênteses.
Terminar o ensino fundamental naquela época, significava uma separação para sempre.
Eu morava no interior de pernambuco e como não existia ensino médio em escola particular, a maioria da turma ia estudar na capital, como forma de garantir o ingresso no curso de medicina da UFPE três anos mais tarde.
Quem não podia ir, como eu, tinha, não só de se conformar com a escola pública, como suportar a falta que aquela convivência faria. Uma saudade enorme e a ilusão de que ela seria sepultada nas férias com muitos abraços e novidades.
Isso nunca aconteceu.
Eles estavam na capital. Vivendo um sonho que também era meu. Morando sozinhos em apartamentos lindos, estudando nas melhores escolas e conhecendo gente nova e interessante todo dia.
Voltavam ao interior nas férias e sepultavam sim, os restos daquele passado que só eu me alimentava dele. Claro que isso não se aplica a todos meus colegas, mas a maioria, cuja presença hoje, não me faz a mínima falta.
Fecha parênteses.
Minha filha, Maria Eduarda, terminou o ensino fundamental em 2011. Fui à cerimônia de formatura jurando que ia encontrar um bando triste. Afinal, havia alí uma festa de despedida.
Como nunca acreditei que pudesse haver nem sombra de alegria em despedidas, fiquei abestalhada com o tanto que eles se excediam em risadas, abraços, fotos, alegria, gritos, batucada... era uma felicidade que, me permita o exagero, não cabia no mundo. E olha que muitos vão mudar de colégio e de cidade. E quem disse que eles ligavam para uma bobagem dessa?
Foi assim que eu, em um cantinho da plateia, assisti a tudo, comovida e incomodada com uma pergunta.
Cadê a tristeza desse povo meu Deus? Como assim, tanta euforia?
De repente, recebo uma mensagem no celular de uma amiga que mora em Recife e que não vejo há cinco anos, dizendo: "dri, saudades. adorei seu e-mail. vc tem facebook?"