PENA

Vinha eu caminhando pela rua Direita e enquanto encontrava o povo que se agitava subindo e descendo, gritando ou sussurando, amando e odiando, rindo e chorando, eu encontrei você. Engraçado... justamente ali, naquele caos estava você, calma, passiva, lúcida, com aspecto sobrenatural como uma estrela de cinema ou televisão, sob luzes, simplesmente divina. Uma deusa estática, capaz de desvendar mistérios com um simples toque.

Seduzido e encantado, pensei e resolvi conseguir você de qualquer jeito, a qualquer preço, a todo custo. E como num toque de mágica eu obtive sucesso. Não posso dizer se conquistei ou se fui conquistado, se escolhi ou se fui escolhido, mas a realidade é que consegui você.

Os dias passaram, a vida passou e você foi ficando e a cada dia o sentimento crescendo, aumentando e o ciume tomando conta de mim. Se caminhava contigo e alguém lhe olhava, eu me revoltava. Na escola queria que ninguém visse você e escondia-lhe o mais que podia. Se alguém lhe tocasse, eu era capaz de estraçalhar por sentir-me ofendido. Assim, meus dias se transformaram e agora resolvi... Vou abandonar você... É... é verdade. Nossa intimidade é muito grande eu sei... mas, vou.

Já começo a sentir falta de te acariciar, de te colocar em meus lábios, de te apertar contra meu peito e sentir você bem junto a mim. E minhas noites e meus dias, e a ida e a volta ao trabalho... não serão mais iguais... só de pensar na separação. Mas, está resolvido! Você sabe muito de mim. Conhece os meus sentimentos e os meus segredos, pois só você participou deles comigo, mas, enfim... adeus!

Não sei como viver sem você, mas resolverei a contento.

Se a ausência for muito grande, já sei o que fazer... Eu vou... sim, eu vou... correndo e compro outra caneta mais bonita que você!!!

Gilberto Almeida
Enviado por Gilberto Almeida em 29/06/2012
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