A CASA DO BECO

Deveria ser o nome da rua: Travessa tal, número tal, porém para nós a casa da tia Nenzinha, tio Sinval e nossos primos, Samuel, Rachel, Júnia, Paulo e Mirian era chamada de casa do beco. Imagine, era uma casa grande cor de rosa, com alpendre com flores enfeitando as paredes. Tia Nenzinha tinha um ciúme da sala de jantar que ficava na entrada da casa, após o alpendre, tinha uma mobília muito bonita, com peças pesadas, cadeiras bem torneadas e uma cristaleira chic repleta de peças de cristal e copos bem torneados. Não me esqueço de uma poncheira de cristal de rara beleza, inclusive foi emprestada para uma comadre da mamãe que era muito amiga também, para que ela a usasse em uma festa oferecida aos parentes da família, que vieram do Rio de Janeiro visitar a cidade. Essa deferência foi em consideração á mamãe grande amiga e cunhada querida. Parece uma atitude tão simples, mas muito significativa para mamãe.

Voltando a falar da casa, era repleta de cômodos arejados e com todo conforto que a época permitia, nós tínhamos toda liberdade para brincarmos e comer todos os quitutes que a tia fazia, todos eram bons de garfo, aliás, marca dos Pedroso. Eu gostava imensamente de ficar com meus primos, como era bom dormir lá, foram verdadeiros tempos dourados. Eu era mais ligada a Júnia, mas dava bem com a Rachel também, pois era muito alegre e boa filha. A Mirian era muito nova, mas a gente tomava conta dela nas brincadeiras. O Rone e o Renato, meus irmãos, também gostavam demais da casa dos primos especialmente o Paulo, pois o Lelinho já era quase rapaz e já estava de olho nas garotas.

A vovó Antônia ficava muito na casa da Tia Nenzinha, elas tinham um ótimo relacionamento, assim como com o genro tio Sinval que gostava muito dela e a tratava com todo respeito e consideração. A gente cantava, lia a Bíblia e brincávamos de teatro, na garagem, inventando os textos baseados nos ensinamentos da família, escola dominical e professores. Era maravilhoso, tenho certeza que os ensinamentos estão gravados para sempre em nossos corações. Obrigado Jesus por tudo que passamos na casa do beco que ficava na cidade de Ipameri- Goiás.

Deixo aqui gravado um versículo bíblico maravilhoso: “Em todo o tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão.” Provérbios 17.17.

Goiânia, l3 de março de 2011. Sônia

Legenda e referências pessoais:

Ipameri- Goiás- cidade do interior do Estado de Goiás;

Mamãe- Paulina de Souza Moraes;

Tia Nenzinha- Alice Pedroso de Moraes Jordão, irmã do meu pai Pérsio Pedroso de Moraes;

Tio Sinval – Sinval Jordão esposo da tia Nenzinha;

Júnia, Rachel, Mirian, Paulo e Samuel- nossos primos filhos da Tia Nenzinha e Tio Sinval;

Renato e Rone- meus irmãos, Renato e Ronaldo Pedroso de Moraes;

Vovó Antônia, minha avó paterna, mãe de meu pai Pérsio Pedroso de Moraes;

Sônia Pedroso
Enviado por Sônia Pedroso em 29/06/2012
Código do texto: T3751077
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