JOÃOZINHO OU JOANINHA?

A primeira vez que o vi foi numa manhã de inverno do ano passado, no pátio da instituição onde trabalho. Arrepiado, bem quietinho, ao sol. Quando cheguei mais perto ele se levantou e começou a pular numa perninha só. Pensei que ele havia quebrado a perna, mas ele levantou voo e não pude ter certeza. Fiquei triste imaginando quanto tempo ele iria ficar assim, sofrendo, sem ninguém para cuidar dele.

Qual não foi minha surpresa quando, dias depois, lá estava ele pulando num pé só, procurando alimento e juntando bolinhas de terra que, ao levantar voo, levava no bico. Nos dias subsequentes a mesma labuta, entremeada de cantos alegres, chamando seu parceiro. Ou seria parceira? Porque os vi de dois muitas vezes. Ele ou ela tinha alguém para dividir! Minha curiosidade aumentou, procurei observá-lo bem e descobri que ele não tinha a perna quebrada. Ele tinha, sim, uma deformação na perninha, que era mais curta e balançava quando ele pulava. Má formação de nascença, creio eu. Por isso ele consegue, rapidamente, andar num pé só pelo pátio afora, consegue trabalhar, namorar e construir, junto ao parceiro, sua linda casinha.

Me acostumei com ele. Ele se acostumou comigo e, já sem medo, passa por mim nos seus belos pulinhos, bicando minhocas e procurando o barro que, como grande engenheiro da natureza, é o material que usa. Eu o chamo de Joãozinho. Mas sempre em dúvida: não será uma Joaninha?

@ Esta crônica é uma homenagem à natureza, na figura do

Joãozinho, o joão-de-barro que nos dá exemplo de

trabalho e superação.

Giustina
Enviado por Giustina em 28/06/2012
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