Crôncia de um amor assassinado

Numa quinta-feira do mês de junho de 2012, morre meu amor, a bala, num ato grotesco de pura ignorância. Amor novo, de não mais de três meses, mas de intensidade vivida apenas duas vezes em vinte e dois anos de existência. E vem aquela fase triste, quando não se para de pensar no que não foi feito, em tudo o que foi dito, palavras sem significado algum. Eu sou assim, meio personagem de Nelson Rodrigues. Ou vivo sentindo o sangue a flor da pele ou vivo em uma palidez sem fim. Quando chega a hora vou com tudo, sem razão alguma, o impulso mais forte do que eu. Quero mensagens sem fim, quero abraços em público, beijos roubados, conversas malucas em plena madrugada. Vou com tudo até o desespero, até sentir que já não tenho mais controle de mim, e que nem quero mais ter. Dou tudo o que tenho em mim, sem esperar muito em troca. Até que tudo vira não. Nenhuma mensagem, nada em mim a não ser dor, choro, vontade de sumir no meu próprio mundo. Aquele desamparo sem fim, onde vejo coisas desconexas que não formam mais um todo, não têm razão de ser. Já se passou quase um mês. E assim eu sigo, com alguns quilos a menos e muita cafeína e nicotina na veia, recolhendo os pedaços que ficaram esparramados dentro de mim. Posso dizer que, desta vez, devagarzinho, eu vou arrumando a bagunça que foi feita, com mais amor e esperança do que nunca.

LisIsold
Enviado por LisIsold em 27/06/2012
Código do texto: T3748417