FICOU BOM O MEU TEXTO?
Muita gente escreve. Dentre os escritores mais amadurecidos, há os que são profissionais, que têm a vida toda dedicada à arte da escrita. Mas é claro que não é só o dinheiro que motiva uma pessoa a escrever. A maioria escreve porque gosta, ou porque sente necessidade de se expressar. Tem algo a dizer e quer compartilhar. Todos os motivos são justos e louváveis.
Os escritores querem ser lidos. Os iniciantes, os mais jovens, querem mais que ser lidos, querem ser notados. Talvez os novatos sintam necessidade de elogios, de incentivo para prosseguir e melhorar sempre.
A gente escreve e quer saber o que os outros acharam de nosso texto. Posso achar que cada leitura é um ponto, cada comentário é um elogio, e o elogio é uma vitória. Então vou escrever mais, que a coisa vai indo bem, estou sendo notado.
Mas a Internet não é instituição antiga, e o Recanto tem poucos anos. Antes disso, já muito se escrevia, porém não tanto como hoje, pois agora a motivação é maior. Escrever e compartilhar se tornou mais agradável.
Na escola, o aluno escreve sua redação e também quer saber o que o professor achou. Se o texto ficou bom, bem que gostaria que os colegas o lessem. Pode haver um mural na sala, onde o professor expõe os melhores trabalhos.
Deve ser normal que o estudante queira ser lido, queira saber a opinião de quem tem mais experiência. Foi assim com uma de minhas professoras.
Quando eu estava no Rio de Janeiro, fiz vários cursos de Redação em oficinas literárias. Num deles, a mestra, que era pessoa já de idade e com bastante experiência, relatou à turma um caso ocorrido com ela quando menina.
Tendo feito um poema, resolveu mostrá-lo à sua professora, para saber desta qual seria sua opinião, se o mesmo estava bem feito. A mestra leu-o com a devida atenção, dando depois o seu parecer. Mas concluiu desta forma: Quando você escrever um poema, ou outro texto qualquer, para saber se ele está bom não precisa perguntar a ninguém. Se você achar que ele está bom, então está bom mesmo, e o que os outros pensam não vale muito. Entende?
E assim minha futura professora ficou com essas palavras na cabeça, continuou estudando e escrevendo, mas às vezes não resistia e ia mostrar o seu escrito particular à sua dileta mestra, que não era outra senão a poetisa Cecília Meireles.
Também nós não somos diferentes. Escrevemos e procuramos saber o que o leitor acha. Melhor ainda se for lido por um escritor experiente, ele pode gostar, e aí o elogio valerá mais.
E eu que preciso melhorar muito, escrevo esperando que alguém leia este meu texto e o ache bom, só eu achar bom não será o bastante.