Conjecturas de um cristão - Cap. I - Bom começo
Ainda o sol não saira e Lucius já estava de joelhos ao lado da cama. Orava. Aprendeu a fazer isso com o seu pai na fé, Paulo. Coincidentemente, sentia-se tão cuidado e protegido quanto Timóteo, discípulo do Paulo da Bíblia. Pensava isso enquanto orava, ainda de joelhos. Geralmente, apenas em seu quarto ele orava assim. Paulo lhe ensinou que a oração é pessoal e intransferível, que todos os que creem precisam orar. Mas que a oração pessoal deve ser feita em segredo, jamais nas praças, em púlpitos ou palanques. Por isso, orava no quarto, lugar de intimidade. É disso que ele precisa, e pede, e tem. Olha para Lia, que ainda dorme. Ela prefere orar de madrugada, mais no meio da noite. Ao contemplar o seu sono tranquilo, seus lábios quase que sorrindo, sente-se de repente mais amado. Concorda com Deus que de fato é amado, cuidado e protegido. Agradece. Resolve, então, não pedir nada. Apenas agradecer. Tem saúde, provisão, esposa dedicada apesar da dupla jornada casa-trabalho, filhos obedientes e carinhosos. Agradece a Deus, sentindo-se privilegiado. O sol já mostra o sorriso matinal. Lucius aproveita a claridade dos primeiros raios para ler alguns versículos, buscando orientação para o dia que começa. Ainda não pecou hoje.