RIO, + OU – 20?
(foto jornal "O Globo")
Encerrou-se a reunião de chefes de estado, chanceleres e representantes das nações deste planeta.
Cientistas políticos levantaram suas vozes contra a realização de megaeventos dessa natureza e acho mesmo que têm razão, pois são muitos pontos de vista, divergentes em sua maioria, da mesma forma que os enfoques diferem substancialmente.
O motivo, a razão maior, o cuidado extremo, o ponto crucial, seria o da salvação da Terra, o do acalentado Desenvolvimento Sustentável, isto quer dizer da nossa própria sobrevivência.
E o que ouvimos e vimos?
Um espetacular aparato policial, digno de um super-policial americano, num espantoso desfile ruidoso pelas mais ou menos desertas ruas da cidade e um plenário variegado de raças e cores.
Afora isso, manifestações externas das diversas Ong's da vida e o espetáculo tragi-cômico do indio, ricamente emplumado, ameaçando, com seu arco e flecha, dois apavorados seguranças, numa cena de "western" esculachado.
A Sra, Presidenta, acenando com os farrapos do galhardete de um pseudo sucesso,afirma que "melhor um documento incompleto, do que nada".
Mas, pelo que foi noticiado, ninguém ficou satisfeito e o objetivo nem sequer foi arranhado. E esse documento é pouco, muito pouco mesmo, para justificar o custo de 180 milhões de reais, que poderiam ser muito melhor aproveitados se, por exemplo, fossem destinados à Saúde Pública, cuja situação calamitosa chegou à beira do inimaginável.
Tão grave é este problema que levou ao desespero uma médica do SUS, única profissional em serviço num hospital, arrancando do seu desespero aquele brado de inconformismo, ampliado pelo sentimento de total impotência.
São profissionais da maior importância para a sociedade, encurralados pela barreira da criminosa omissão do governo, alvos inocentes da ira popular e tudo isso a troco de um miserável salário, enquanto que um motorista (nada contra, minha gente) do Poder Judiciário ganha mais de 10 mil reais!
Fecha-se o conclave, sobra um arremedo de ajuste, que foi o possível arrancar do volumoso ventre dos interesses econômicos das nações "desenvolvidas", as maiores poluidoras do nosso mundo.
Para evidenciar bem a disparidade de opiniões, basta atentar para os seguintes destaques veiculados pela Imprensa:
"Sem ambição"
"Acordo fechado era o possível."
"O Movimento Ambiental é imoral."
"Para Dilma, documento é uma vitória do Brasil."
"Proteção para o alto-mar morre na praia."
"Europeus espantam a crise nas suites do Fasano."
"Texto fraco, sem ossos e sem alma"
"Para americanos, cada país por si."
Enquanto isso, florestas continuarão sendo devastadas, a camada de ozônio desvirginada pelas emanações das impurezas terrestres e o mar, última opção de sobrevivência humana, sendo transformado, cada vez mais, numa enorme lixeira.
Aparentemente cegos à absoluta necessidade de desviar-se da rota suicida em nome de um discutível desenvolvimento, as nações mais favorecidas mantêm o rumo, com os olhos fitos, tão somente, na força das suas economias.
Se conseguirem seu intento, desapareceremos nós e toda a vida animal e vegetal, mas os gelados cofres da ambição humana estarão cheios de ouro...que não servirá absolutamente para nada!
Acho, finalmente, que, na realidade, o que sobrou de bom desta conferência foi a saúde demonstrada pela robusta jovem cujo retrato ilustra esta crônica.
(não deixe de ler o colega Ayres Koerig)