P28-05-12_11.34.jpg
 
 
 
 
 
    Algumas pessoas só funcionam pelo susto. São acomodadas. Precisam de algo forte, contundente, para se mexerem. Até porque, é da natureza humana acomodar-se. É bastante natural a resistência à mudança.
   Em meu caso é o oposto. Minha vida foi uma sucessão de sustos... Alguns agradáveis, outros não, mas, sustos!!! A ponto de hoje em dia, viver pisando em ovos, pra ver se amenizo a intensidade da coisa toda, posto que o coração tá velhinho, cansadinho, esgotadinho deste tipo de situação. O que não quer dizer que se conforme em bater normalmente. Quer o pulso alto. O voo alto! Penso que se acostumou à velocidade...
   Quando olho a vida de outras pessoas, toda arrumadinha, certinha, fico imaginando como seria... Como seria ser, ao menos uma vez, a regra. Ser perpetuamente a exceção, pode parecer exótico, mas cansa. Desgasta. Até mesmo quando quis aderir, quis fazer igual a todo mundo, não me foi possível. Bati todos os recordes de rejeição! De todos os lados, de tudo, de todos...
   O interessante é que quando era menino, todos diziam que seria um sucesso, pois era muito inteligente e bonzinho... Minha mãe de criação chamava-me de “Ouro Branco” ...!!! Desde que, claro, eu não a desagradasse... O que nos atrapalhou, um pouco, foi que tudo que eu fazia, que eu queria a desagradava...  Chegava a me proibir de cantar, por ter voz de taquara rachada, na opinião dela. Pra minha sorte, o tempo provou o contrário, pois cantei a vida toda, em muitos palcos, em muitas cidades... Canto, religiosamente, todo dia, até hoje. Como se fosse uma dívida minha, para com o universo.
   Mas, até o canto, precisava ser tão diferente? Uma voz negra, alta, poderosa, em um corpo de 1,60... gordinho...loiro?!?! – Ah! Por favor, né?! – É demais.
   Minha vida ainda é uma afronta à palavra convencional; ao conceito de tradição! ... 
   O que incomoda às pessoas, é que ainda assim, sendo todo torto, adaptado, repaginado, cosmicamente engajado, doidão assumido, celibatário inconformado... renascido de inúmeras fogueiras, não podem me condenar. 
Não sirvo de exemplo, mas não ofendo a um verdadeiro templo. 
P30-04-12_06.27%5B1%5D.jpg
 
 
 
Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 26/06/2012
Reeditado em 30/06/2012
Código do texto: T3745963