Vida de escritor
Sempre que inicio um novo trabalho literário, seja um texto, ou mesmo um livro, um milhão de coisas passam pela minha mente (hipérbole descarada!). Penso se alguém irá gostar, ou ao menos ler, aquilo que escreverei. Analiso os pormenores desse oficio fatídico. Pergunto-me se não estaria prestes a perder uma parcela valiosa de meu tempo. Ou seja, não penso em nada que preste.
Depois, de tanto torrar neurônios à toa, começo então a escrever. As palavras vão surgindo. Se for um poema, tenho que digladiar com minha criatividade, para ver se arranco dela alguma metáfora ou algum lirismo ponderado. Se for um texto em prosa ficcional, tipo um conto, ou mesmo não ficcional (como esse que agora você lê), tento trabalhar as palavras de maneira a solidificar a aquosidade das ideias que teimam no caos de meu cérebro já cansado.
Vejam então, meu caro leitor, o quanto é difícil escrever. Se ainda não viu dificuldades, pense nos vestibulandos. Quantos se preparam por meses, ou até anos, para esbarrarem na famosa e temida redação. Montar um texto que agrade a banca examinadora não é tarefa fácil. Agora, imagine meu caso, onde tenho que agradar uma banca ilimitada, formada por pessoas que não tem a menor obrigação de ler quaisquer linhas que me atrevo a escrever. E, ao invés de notas, essa banca dá apenas pitacos. Ao invés de aprovação, a confiança necessária para vasculharem as prateleiras de uma livraria ou biblioteca atrás de um livro meu. E, ao invés de reprovação, a pior de todas as punições: o desdém.
Mas, a pior parte, vem assim que o texto, ou livro, fica pronto. O que fazer? Publicar o texto na internet? Sair atrás de patrocínio para o livro? Só resta caçar algum concurso literário que dê como prêmio a tão sonhada publicação, ou uma boa grana.
Escrever não é oficio para qualquer um. O peso é grande. A responsabilidade também. As únicas coisas pequenas são o dinheiro e o reconhecimento. Ah, e a vontade de desistir.