MEMÓRIAS DE PROFESSOR: AQUELE INSTANTE
Em um sábado de primavera por volta das seis da tarde, já tinha dado aula, estava sentado na entrada dos fundos da casa, muito calor, rádio ligado em uma rádio da capital, a METRÓPOLI AM em cadeia com a METRÓPOLI FM, tentando me concentrar rabiscava períodos, queria descrever aquele instante de contemplação da natureza. Tudo seco mais algo de poético pairava na atmosfera. Transformar o momento em uma imagem que só a imaginação fosse capaz de enxergar era um desejo. Fiquei ali mais alguns minutos. Precisava tomar banho. Desliguei o rádio não tenho certeza se antes ou depois da tentativa de descrever em versos aquelas folhas secas, aquela plantação de palmas ao fundo da casa a rodear um único pé de imburana dentro do cercado, céu de um tom ora azul, ora verde, ora colorido. Aquele momento terá durado um quarto de hora, não sei, é possível que esteja resumindo em um só, vários que ali me pus a observar o tempo, a pensar na vida. Levantei-me, busquei a toalha e o sabonete no quarto, segui até o banheiro que ficava na casa vizinha. Após o asseio já era hora do jantar.