EXÍLIO INTELECTUAL
EXÍLIO INTELECTUAL
O Exilio é decorrente do modo como as migrações são provocadas mundialmente. É um processo antiguíssimo. Antigametne o escritor Ovídio foi exilado pelos romanos no Mar Negro. O lado coletivo está na imposiçáo de castigos decretados por motivos variados como perseguições, genocídios, guerras, fome, peste, busca de condições de trabalho em outros lugares.
Mas, o exílio decorrente da globalização é outra maneira de exploração das migrações de países do terceiro mundo em áreas de cidades globais ricas, onde se concentram jovens e suas famílias de várias etnias com o propósito de sobreviver quando o seu próprio país não lhes garate emprego. O emprego globalizado é uma tentativa de manipulações de várias coletividades em trânsito pelo globo terrestre. Silviano Santiano já havia denunciado isso em seu livro COSMOPOLITISMO DO POBRE em 2003. Ele começa interessantemente narrando ou comentando o filme: Viagem ao começo do mundo. São dois filmes com detalhes convergentes e divergentes, que têm em comum a experiência dos Emanueis ou portugueses que retornam do exílio e se sentem estrangeiros em terra de seus antepassados. Está em jogo o questionamento de Santiago, doutor em literatura pela UFRJ, oriundo de Formiga, MG, que vem já realizando uma obra de alto valor reflexivo sobre o papel do intelectual (o rgânico, para nos referir a Antonio Gramisci) Latino-americano. O questionamento de Santiago é sobre o modo como se tem dado o jogo de forças sobre as comunidades nacionais em crise e cujos habitantes são disponibilizados como reserva de mercado global, enriquecendo o capital internacional de algumas empresas e ricos globais. Ele tem como pano-de-fundo alguns conceitos de cultura, a dialética trabalho-capital, migração, pobreza-riqueza, comunidade imaginária, direitos humanos. Para mostrar que o intelectual latino-americano deve ser um leitor-escritor crítico frente ao processo histórico de conflitos e diante do imperialismo, desde os processos de concentração de capital vindos das Revoluções burguesas do sec. XIX, especialmente a Revolução Industrial. Nesse marco histórico, ele repensa as duas pobrezas - antes e depois da Revolução Industrial. Fica pálido o microcosmo de Vidas Secas - de João Cabral de Melo Neto- diante da exploração dos imigrantes ho je. Recomendamos outros livros de Silviano Santiago devido à sua importância no contexto de crises pelas quais as literaturas híbridas da América latina vem passando. Para ele, híbrido ou anfibio é a dupla natureza de articulação ficcional e política nas nossas literaturas, inclusive a brasileira. Nem sempre o olhar nosso ou de estrangeiros é a favor dessa mistura temática por causa de preconceitos históricos, especialmente o eurocentrismo. Em busca de uma sintese mais nossa, é mister conhecer as literaturas de fora, conltudo é bom demais ter uma sábia audácia ou ousadia. A literatura deve despertar, para além do entretenimento, a visão crítica de mundo. Nessa direção, recomendamos no mesmo livro COSMOPOLITISMO DO POBRE, Leitor e Cidadania e literatura anfíbia. Acima de alguma forma, já se pontuou aspectos relevantes desses artigos de Santiago. Espera-se que o leitor ou a leitora reconheça a função da literatura em sua vida como abertura crítica de mundo e sociedade e procure ler mais, ler livros de Guimaraes Rosa, Antonio Callado, Darcy Ribeiro como Maíra, Casa de Vidro, conto de um outro autor. Se quiser podemos pensar juntos e os seus questionamentos são bem-vindos nesse espaço. Eu sou o João Bosco, professor de lingua brasisleira e literatura brasileira e mineira em Divinópolis. Meu e-mail: joseboscolpp@bol.com.br