O VIGÉSIMO NONO DIA COM OS AMIGOS - “OEIRAS” – PARTE 36

Mais um despertar parnaibano para meus amigos visitantes. Eles já estão acostumados com a mesa farta das nossas gostosas iguarias. O cuscuz que é indispensável na mesa do nosso café, o beiju que é de origem indígena feito de farinha de mandioca e os sucos de caju, de graviola, de pitanga e de siriguela deixam os nossos amigos turistas encantados. Eles falam todo dia em retornar aos seus aconchegos, mas acho que a nossa gastronomia está prendendo esse povo aqui.

Na conversa durante o desjejum meus amigos disseram que a primeira vez que tiveram conhecimento da existência da cidade de Parnaíba, foi quando leram um livro intitulado “Memórias Inacabadas – Obra Póstuma de Humberto de Campos”. Na crônica do capítulo XXVIII, página 353, intitulada “O Caixão de Teresa”, o autor, cita a Rua Coronel Pacífico, a Igreja do Rosário e outros pontos de Parnaíba. A Igreja do Rosário fica na Praça da Graça próxima a Igreja Matriz. Lembrei aos amigos, que eles até já fotografaram as duas Igrejas. A Catedral de Nossa Senhora da Graças era a Igreja dos brancos e Igreja do Rosário era a Igreja dos pretos. Já a Rua Coronel Pacífico passa na lateral da Santa Casa de Misericórdia aquele hospital fundado em 26 de abril de 1896 que eles também já fotografaram.

Como nem todos conheciam a crônica do escritor maranhense que passou parte de sua infância em Parnaíba, a pedido, relatei em rápidas palavras. Comecei enfatizando que Humberto de Campos, nas suas crônicas recorda sempre o cajueiro que aqui plantou quando menino e hoje é preservado como ponto turístico da cidade. Aquele que eles também já tiveram oportunidade de visitar.

Na crônica “O Caixão de Teresa”, o escritor relata a história de Coronel Pacífico que pelos anos de 1894 morava nas proximidades da Santa Casa. Um aristocrata dono de muitas fazendas, gados e escravos que o tornava vaidoso pelas posses de tanto bens materiais. Detalhando a imagem do homem rico, o escritor descreve sua barba grisalha que se “abria em leque cobrindo o orgulhoso coração”.

Uma de suas escravas, a Teresa, conseguiu sua carta de alforria, após juntar vintém por vintém e desdobrar-se de tanto trabalho. Para agradecer a Deus mandou fazer um caixão de defunto preto enfeitado de branco e deixou disponível na Igreja do Rosário, a Igreja dos pretos. Assim, os escravos que antes eram levados até o cemitério envolvido em redes velhas passaram a ter um funeral decente igualmente ao funeral dos brancos. Dessa forma, o caixão transportava o defunto até ao cemitério e retornava para a Igreja a espera de outros. Era uma conformação para o negro saber que seu corpo no último adeus desfilaria pela a cidade dignamente.

Mas o negro morto, nem mesmo no caixão de Teresa era respeitado. Na passagem do funeral todos zombavam do falecido, por querer ser conduzido ao cemitério em caixão igual aos poderosos. Prossegue o escritor maranhense, explicando que o Coronel Pacífico morreu em suas andanças pelas suas fazendas nas proximidades de Parnaíba e teve que ser transportado de canoa, chegando ao seu destino em decomposição. Não havendo tempo de esperar pela confecção de um caixão, a solução foi apelar para o caixão de Teresa que o transportou até o cemitério e desta vez, contrariamente de quando transportava escravos, atravessou a cidade com muita honraria e muito respeito. Êta mundo que dá voltas.

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Pois bem, concluída a informação apresentei aos meus amigos visitantes através de vídeo a cidade de Oeiras que foi a primeira capital do Piauí. Em virtude de ficar a aproximadamente a 633 km de Parnaíba fica inviável percorrer tanta estrada já que meus amigos não dispõem de mais tanto tempo.

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Oeiras é o principal patrimônio histórico do Estado. A cidade foi escolhida para ser a primeira capital do Estado pela sua posição estratégica, situada no centro do Piauí. O vídeo mostrou vários pontos turísticos da cidade e templos religiosos, inclusive a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o Museu de Arte Sacra, o Centro Cultural Major Selemerico, a Casa da Pólvora, monumentos históricos, que o visitante não pode deixar de conhecer e fotografara quando for “in loco”.

Outros pontos turísticos que o vídeo nos mostrou: Morro do Leme, o Morro da Cruz e o Parque Aquático. Vimos também na filmagem que o oeirense é muito católico. A cidade recebe até a denominação de “Capital da Fé”. As procissões de Bom Jesus dos Passos e a do Fogaréu atraem religiosos das proximidades para esses eventos.

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Meus amigos ficaram encantados com o potencial artístico e cultural da cidade e especialmente com o grupo os ‘Novos Bandolins de Oeiras’, criado no ano de 2003. Em 2005 eles receberam do Presidente Lula e do então Ministro da Cultura Gilberto Gil a “Medalha da Ordem do Mérito Cultural”. Esse grupo busca resgatar a tradição dos bandolins de Oeiras, ou seja, o trabalho original “Bandolins de Oeiras” que existia desde a década de trinta. No vídeo vimos também outros gêneros de grupos musicais: como a Banda Santa Cecília que se apresenta aos domingos na praça da cidade e um grupo de jovens amantes do “Hip Hop” que são requisitados para eventos dentro e fora do Estado.

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A Capital da Fé, é o principal patrimônio históricos do Estado, resguarda casarões antigos e uma belissíma arquitetura portuguesa nas construções de estilo colonial. Oeiras, permaneceu como capital do Estado até o ano de 1851 quando o Conselheiro Dr. José Antônio Saraiva assumiu o governo da província. Em dia 16 de agosto de 1852 se deu a instalação definitiva da capital do Piauí para a Chapada do Corisco que depois recebeu o nome de Nova Vila do Poti e depois de cidade Teresina, em homenagem a D. Teresa Cristina – Imperatriz do Brasil e esposa de D. Pedro II.

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Parte 36 do Livro “O Quinto” que está em fase de produção e sendo transcrito para o Recanto na proporção que escrevo. Parte 37 - “ Picos ”.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 24/06/2012
Reeditado em 27/06/2012
Código do texto: T3741285
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