Power Trio
O sol da tarde está escondido pelas nuvens e uma fina chuva de inverno agride o rosto, impulsionada pela vento. O morro sob a base do Farol se ergue à frente do mar e eu observo a cena.
Olho e não acredito nas três pessoas que estão ali, tocando.
Um som estranho e maravilhoso, de outro mundo. A voz feminina doce e sensual sai rasgada, incentivada pela guitarra incendiária e pelo imenso e mastodôntico som de bateria.
Só eles três ali, naquele horário, conjungando melodia, harmonia e ritmo. River of no return, canta a loira, ao mesmo tempo em que a guitarra do negro vibra foxy lady e a bateria compassa all of my love ao embalo dos longos cabelos castanhos do baterista.
Sinérgicos, todos eles. A junção artistica interrracial, o ménage musical atemporal. O tempo forma-se num presente impossível, atemporalizando diferentes passados.
O tempo, no momento presente, inexiste. Não é momento, não é presente. É. Apenas é.
A música ecoa pelas falésias dos morros vizinhos à esquerda dos ícones em ação musical transcendente. Um sonho. Uma ilusão. Mas o que é a vida, afinal?
Respiro fundo de puro encantamento. Com a cena, com o cenário.
O mar ruge, em aprovação. Nuvens, chuva, vento e sol são os meus parceiros de platéia.
Tudo é maravilhoso como Deus existe.
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Era isso pessoal. Toda sexta, final de tarde, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.
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