Adélia Prado
Desde o primeiro livro de Adélia, Bagagem (quem não leu queira ter o bom gosto de ler), me interesso em saber tudo sobre ela. A mídia e o mercado editorial tentaram rotulá-la como uma mística sensual. Adélia é as duas coisas, mas não há rótulo que de conta de sua obra, de sua personalidade poderosa. Ela transborda, vai muito além e desmancha qualquer pretensão intelectualóide ou interesseira quando escreve ou começa a falar.
Primeiro, Adélia Prado é mística na medida do potencial humano, nada além. Sua fé está à flor da pele. Atinge as pessoas de um modo quase desconcertante pela qualidade cristalina que, longe de limitar sua atividade de escritora e sua postura pública, dá força e ilumina tudo que ela diz e faz. Sem proselitismo, sem pose de guru nem sombra de magia esotérica. Como a própria faz questão de deixar muito claro, “a transcendência está entre nós”. Não prega um paraíso futuro e problemático. Não tenta impingir nada: Adélia exerce suas convicções com a mesma naturalidade com que come, dorme, trabalha ou ama.
Acredito que chegar a esse ponto de pregnância se deve a alguns fatores que não percebemos de entrada, como a educação e a intensa experiência de vida familiar na infância; a formação filosófica (a que ela empresta pouca importância, mas que certamente pesou para que ela fosse quem é); a estrita fidelidade à busca da beleza e – talvez em conseqüência – uma forma de engajamento radical no dia-a-dia de que raras pessoas são capazes. A poesia brota desse amálgama como uma planta no chão fértil.
Em segundo lugar, a propalada sensualidade que Adélia expressa é, sim, sensualidade. E daí? Quem de nós, dotados de sexo, hormônios e desejos, desconhece a sensualidade e não a aprecia como um dos maiores prazeres da vida? Adélia dá graças a Deus por esse dom e não se envergonha de reconhecer sua prática. Quem pretendia fazer dela uma devassa religiosa, uma espécie de fetiche para vender mais livros, deve ter se frustrado de verde e amarelo, porque o amor celebrado em suas palavras é tantas vezes carnal e natural sem nunca deixar de ser amor – aquele que não polui o coração, não turva a serenidade nem violenta a dignidade do amante.
Desde o primeiro livro de Adélia, Bagagem (quem não leu queira ter o bom gosto de ler), me interesso em saber tudo sobre ela. A mídia e o mercado editorial tentaram rotulá-la como uma mística sensual. Adélia é as duas coisas, mas não há rótulo que de conta de sua obra, de sua personalidade poderosa. Ela transborda, vai muito além e desmancha qualquer pretensão intelectualóide ou interesseira quando escreve ou começa a falar.
Primeiro, Adélia Prado é mística na medida do potencial humano, nada além. Sua fé está à flor da pele. Atinge as pessoas de um modo quase desconcertante pela qualidade cristalina que, longe de limitar sua atividade de escritora e sua postura pública, dá força e ilumina tudo que ela diz e faz. Sem proselitismo, sem pose de guru nem sombra de magia esotérica. Como a própria faz questão de deixar muito claro, “a transcendência está entre nós”. Não prega um paraíso futuro e problemático. Não tenta impingir nada: Adélia exerce suas convicções com a mesma naturalidade com que come, dorme, trabalha ou ama.
Acredito que chegar a esse ponto de pregnância se deve a alguns fatores que não percebemos de entrada, como a educação e a intensa experiência de vida familiar na infância; a formação filosófica (a que ela empresta pouca importância, mas que certamente pesou para que ela fosse quem é); a estrita fidelidade à busca da beleza e – talvez em conseqüência – uma forma de engajamento radical no dia-a-dia de que raras pessoas são capazes. A poesia brota desse amálgama como uma planta no chão fértil.
Em segundo lugar, a propalada sensualidade que Adélia expressa é, sim, sensualidade. E daí? Quem de nós, dotados de sexo, hormônios e desejos, desconhece a sensualidade e não a aprecia como um dos maiores prazeres da vida? Adélia dá graças a Deus por esse dom e não se envergonha de reconhecer sua prática. Quem pretendia fazer dela uma devassa religiosa, uma espécie de fetiche para vender mais livros, deve ter se frustrado de verde e amarelo, porque o amor celebrado em suas palavras é tantas vezes carnal e natural sem nunca deixar de ser amor – aquele que não polui o coração, não turva a serenidade nem violenta a dignidade do amante.