Conjunto de sons articulados, de uma ou mais sílabas, com uma significação. Segundo o aspecto material: é vocábulo; quanto a significação: é termo; colecionadas: é léxico, vocabulário, dicionário. É sobretudo a faculdade de expressar uma idéia por meio da voz. Pode significar tudo: no princípio era o verbo; ou nada: words, words, words. Como diz o atormentado Hamlet, a certa altura de seu drama.
Mas, quando, onde, como, o homem começou a falar? Quem teriam sido esses primeiros interlocutores? A história do alfabeto, da escrita, do livro, da biblioteca está mais ou menos contada. E a da fala? Do papo? Da conversa? Alguns historiadores dizem que os neanderthalenses não eram simples macacos, porque deviam possuir a capacidade da fala. Eram capazes de pensamentos abstratos, uma vez que enterravam seus mortos junto com objetos destinados a utilização na vida além-túmulo. Isso no paleolítico inferior. Isto é, entre dois milhões e dez mil anos antes de Cristo. E antes de antes?
Como se poderia classificar o homem que inventou a fala, a palavra, a frase? Sabe-se que o corpo humano não tem um sistema ou órgãos específicos para a fala. Mas um homem, um dia, pediu emprestado aos sistemas digestivo e respiratório alguns órgãos e criou – o aparelho fonador. E falou. E disse. Para mim é a maior criação do homem. E, segundo dizem, a que justamente o diferencia dos outros animais. Somos “memória cheia de palavras”, segundo João Cabral.
Para mim a palavra é fundamentalmente gustativa. Tem sabor. Pronuncio-as como quem degusta. É sempre sobremesa. Leio pelo prazer do texto: romance, conto, poesia. Se o autor não me conduz com sua voz (de barítono ou contralto, de preferência), não passo da décima ou vigésima folha. Tenha o livro a importância que tiver. E mais, não me falem de enredos ou desse ou daquele personagem, não ligo. Com raras exceções. Me ligo nesse ou naquele trecho, que me encheu de som e fúria, que me fez voltar e rele-lo em voz alta para meu próprio deleite. Como este verso de Cecília:
Mas, quando, onde, como, o homem começou a falar? Quem teriam sido esses primeiros interlocutores? A história do alfabeto, da escrita, do livro, da biblioteca está mais ou menos contada. E a da fala? Do papo? Da conversa? Alguns historiadores dizem que os neanderthalenses não eram simples macacos, porque deviam possuir a capacidade da fala. Eram capazes de pensamentos abstratos, uma vez que enterravam seus mortos junto com objetos destinados a utilização na vida além-túmulo. Isso no paleolítico inferior. Isto é, entre dois milhões e dez mil anos antes de Cristo. E antes de antes?
Como se poderia classificar o homem que inventou a fala, a palavra, a frase? Sabe-se que o corpo humano não tem um sistema ou órgãos específicos para a fala. Mas um homem, um dia, pediu emprestado aos sistemas digestivo e respiratório alguns órgãos e criou – o aparelho fonador. E falou. E disse. Para mim é a maior criação do homem. E, segundo dizem, a que justamente o diferencia dos outros animais. Somos “memória cheia de palavras”, segundo João Cabral.
Para mim a palavra é fundamentalmente gustativa. Tem sabor. Pronuncio-as como quem degusta. É sempre sobremesa. Leio pelo prazer do texto: romance, conto, poesia. Se o autor não me conduz com sua voz (de barítono ou contralto, de preferência), não passo da décima ou vigésima folha. Tenha o livro a importância que tiver. E mais, não me falem de enredos ou desse ou daquele personagem, não ligo. Com raras exceções. Me ligo nesse ou naquele trecho, que me encheu de som e fúria, que me fez voltar e rele-lo em voz alta para meu próprio deleite. Como este verso de Cecília:
“Canto porque o instante existe
E a minha vida está completa
Não sou alegre, nem sou triste
Sou poeta.”
E a minha vida está completa
Não sou alegre, nem sou triste
Sou poeta.”