Eu e as mulheres

Para começar sou casado: tenho três filhas, uma secretária e uma cadela que atende pelo nome de Mel. Como você pode perceber, no meu lar, doce lar, macho só tem um. Nem é preciso dizer que a última palavra na minha casa é minha. (Mentir é necessário).

Confesso que estou assustado comigo mesmo, parece que o mundo andou mais rápido do que eu nesses últimos anos; cada vez que me levanto, tenho um sobressalto maior e mais delicado. Pelo menos é assim que estou a perceber o que me rodeia neste exato momento.

Com a descoberta da pílula anticoncepcional e a proliferação do aborto pelos quatro cantos do uni(verso), a mulher tomou conta do seu próprio corpo. Passou a assumir papéis que, até bem pouco tempo, eram inimagináveis até para elas mesmas. O sexo, até então, dito frágil, incorporou de vez a postura literal da leoa, dentro e fora de casa. É sabido que, na natureza, é a fêmea do leão que sai para caçar. Portanto, nada de novo no reino animal. Para os nossos costumes, essa é, a meu ver, a grande transformação iniciada no século passado com o movimento feminista em todo o mundo.

Hoje temos homens e mulheres em verdadeiras paralelas, em lutas de igual para igual em todos os campos de batalha. Somos vetores que caminham na mesma direção. Essa nova função que a mulher assumiu, é que me tem colocado no canto da parede... de cabeça para baixo.

As preocupações e até mesmo as doenças masculinas, agora são partes integrantes do cotidiano dessas “novas mulheres”. Porém, as obrigações de esposas e amantes, estão a cada dia, mais fora de moda dentro deste novo contexto. Conheço mulheres que se orgulham em dizer que têm cabeça de homem e que pensam como se fossem “mulheres machos”.

Se abrirmos os jornais, as revistas, ou qualquer discussão sobre esse ou outro assunto, vamos ver que a dona de casa moderna está presente em todos eles, e, sem dúvida, com voz ativa e firme, com opiniões formadas e fundamentadas em ideias brilhantes e coerentes. Mas quando saltamos para o lado afetivo, tenho minhas dúvidas quanto a essa evolução, quanto a estas mulheres vencedoras e donas do seu próprio nariz e negócios. Quando o assunto é amor, carinho, afeto, ela se mostra mais frágil do que antes. Andam perdidas em diversas mesas dos inúmeros bares de todas às cidades e recantos. Como se isso não bastasse, continuam “iludindo” seus parceiros ao fingirem que sentem orgasmo, uma prática que, no passado, era aceitável, mas, hoje, o amante está muito mais exigente e por que não dizer: muito mais atento. Elas ainda não descobriram que esse jogo já não serve mais para uma grande maioria dos homens. Portanto, a metamorfose foi apenas parcial.

Luma, com tudo que a natureza lhe deu, com todo ouro que a cerca, deixou claro que essas mudanças não são tão fortes quanto parece. Quando saiu no carnaval com uma “coleira” no pescoço com o nome do seu glorioso ex-marido, deixou evidente que, pelo menos desse lado da moeda, as mutações ainda permanecem na estaca zero.

Felizmente nem tudo está perdido...! Pelo menos para Chico Buarque que sempre nos contou que: “Todo dia ela faz tudo sempre igual/me sacode às seis horas da manhã e sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã”.

Mas para mim, que vi mulheres queimarem sutiãs em praças públicas, essas novas mulheres precisam ter um pouco mais de calma, senão, em breve teremos apenas filhos de proveta ou, se preferirem, milhares de Dollys.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 08/02/2007
Reeditado em 11/10/2017
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