Diário de Sonhos - #002: Um Gatinho Miando
Diário de Sonhos
Entrada #002 – Um Gatinho Miando
Uma das coisas que eu mais amo são gatos: anjinhos de quatro patas arteiros e manhosos que carregam dentro de si o bem e o mal. Me identifico com seu jeito de andar silencioso, seu chamego dengoso quando está com fome. Eu tenho uma gatinha siamesa chamada Mel. Adoro ouvir ela chorando na minha janela no meio da noite, pedindo pra entrar. Eu coloco uma almofada debaixo da minha cama pra ela dormir, mas quando acordo no dia seguinte ela está deitada na minha cama, aconchegada entre minhas pernas. Gatos são quietinhos, não fazem (muita) bagunça e têm um charme só deles. Na vida passada eu devo ter sido um gato.
Recentemente comecei a ler o “Interpretação dos Sonhos” de Freud, e lá ele cita que os sonhos podem sofrer interferência de estímulos sinestésicos, como a audição ou o toque. Foi exatamente o que aconteceu neste sonho. Sonhei com um gato miando. Quando eu acordei, minha gatinha estava miando desesperada na laje tentando descer. Foi uma experiência bem interessante, por isso resolvi anotar.
Eu sonhei...
Sonhei que estava num vagão de trem. As pessoas estavam quietas, como se estivessem sonolentas. Então comecei a ouvir um gatinho miando, bem baixinho. Olhei em volta e não vi nada. O trem começou a diminuir a velocidade ao aproximar-se da plataforma de desembarque. O miado começou a ficar mais alto. Do mesmo jeito que uma mãe reconhece seu filho, eu sabia que aquele miado era da minha gata. Comecei a andar pelo vagão procurando por ela, mas não achava. O trem parou e eu desembarquei. O gatinho continuava miando. Andei pela estação procurando, então saí da estação. Havia uma grande avenida e uma ponte cruzando-a. Logo abaixo da ponte, havia uma espécie de jardim. Os miados viam de lá. Desci até ele e encontrei minha gatinha chorando no meio do mato. Quando tentei ir até ela, um homem apareceu do nada na minha frente, me barrando. Ele tinha uma expressão de sarcasmo. Tentei desviar, mas ele sempre se punha à minha frente. Perdi a paciência e lhe dei um safanão na altura da orelha. Ele caiu, levantou e revidou. Nos engalfinhamos numa luta ferrenha, um sempre socando a cara do outro. A gatinha miava mais alto do que nunca, seu miado era estridente e irritante. O homem me derrubou e subiu em mim e ia me bater. Corte seco. Estávamos de pé, um de frente para o outro. Entre nós havia uma policial idosa, dizendo que não devíamos brigar. Não havia mais gato miando.
E então eu acordei...