Consciência e vontade.

As condutas cotidianas são pautadas pela consciência e vontade. No entanto, é possível agir com consciência sem vontade, sem consciência com vontade, ou sem consciência e sem vontade? Sim!

No primeiro caso, com consciência e sem vontade, o indivíduo tem consciência sobre o que faz, porém, a vontade não é sua, e sim determinada por outrem. Por exemplo, constrangido por um assaltante que lhe aponta a arma de fogo, ele ultrapassa o sinal vermelho. A sua vontade não é sua, e, sim, do assaltante que a determina.

No segundo, sem consciência com vontade, é preciso entender o outro aspecto da consciência que é a ciência (conhecimento específico). Por exemplo, o indivíduo está consciente de que dá açúcar ao outro, mas não está ciente de que não é açúcar, mas sim arsênico (veneno que tem o mesmo aspecto do açúcar, que, colocados em potes distintos, são iguais).

E, no último caso, sem consciência e sem vontade, o indivíduo não tem consciência (ciência) de que se trata de arsênico, sendo a sua vontade viciada (imposta por outro), acaba por dar o açúcar (veneno) a alguém.

Por que é necessário saber sobre esses meandros da conduta? Porque é comum pensar que a consciência e a vontade “resolvem tudo”.

Conheço um caso (concreto) em que o homem, casado, com duas lindas filhas, e com uma bela família constituída, se envolve com uma prostituta (profissional), e passa a conviver com ela... A família, mulher e filhas, revoltadas com o estarrecedor fato, o execra como irresponsável, perverso etc., porque ele decidiu trocá-las por uma desconhecida que nada tinha a haver com a sua “história de vida”...

Será que não? Será que o homem nada tinha a haver com a (outra) mulher? Que essa mulher nada tinha a haver com sua história?

Em seguida, tomando conhecimento sobre o que acontecia, eu soube que ele, por volta dos seus doze anos de idade, teve sua educação voltada para o sexo levado diuturnamente por um tio - que tinha receio, preconceito, de que se tornasse homossexual -, a prostíbulos, onde era assediado e mantinha relações sexuais.

Marcado pelos afetos, acabou tendo a sua personalidade formada a respeito do sexo com essas “mulheres extraordinárias”, que tudo faziam, e nada deixavam a desejar...

Este homem tinha consciência e vontade sobre o que fazia durante a sua formação psicológica na pré-adolescência (quase crinça)? Ou melhor, tinha conhecimento específico de que o que fazia iria marcar-lhe a vida quando adulto dando “preferência” às relações extraconjugais? E ainda, era sua a vontade de freqüentar aqueles prostíbulos? Tudo indica que não!

Será mesmo que “decidiu” permanecer com a outra mulher, isto é, a sua vontade é plena, sem máculas, sem nenhuma influência do seu (condicionado) passado?

E a sua responsabilidade? Quando a responsabilidade exige previsibilidade nas causas e ou nos efeitos da conduta?... Enfim, ele determinou “prioridade”, e foi ele mesmo quem “decidiu”?

Atualmente este homem vive verdadeiro transtorno – insuperável... sem poder deixar a mulher com quem convive, e por ter perdido a família...

Que a sua família o veja e o trate como enfermo e vítima da própria vida... compreendendo-o e, sobretudo, amando-o!...

Rodolfo Thompson. 20/6/2012.

P.s. a dor-sofrimento não há de ser concebida como forma de punição (ou vingança)...

P.s. que ele procure ou seja levado para um tratamento psicológico...

Rodolfo Thompson
Enviado por Rodolfo Thompson em 20/06/2012
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